quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ROÇA DO VENTURA: À ESPERA DO TOMBAMENTO


Fazenda Ventura, onde funciona o Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde. Foto: MARCO AURÉLIO MARTINS | Agência A Tarde 8.12.2008

Fazenda Ventura, onde funciona o Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde. Foto: MARCO AURÉLIO MARTINS | Agência A Tarde 8.12.2008


Por Marlon Marcos

A cidade de Cachoeira da Bahia, uma das mais bonitas deste País, salvaguarda em si grande parte da memória e presença religiosa de origem africana. Em sua paisagem privilegiada, banhada pelo Rio Paraguaçu, existem templos de candomblé que são monumentos históricos inaugurais desta religião negra no Brasil.

Um dos mais antigos e importantes clama por seu tombamento e pede às autoridades responsáveis que se adiantem numa ação de reconstrução, restauração, preservação e dignificação física, já que a chamada Roça do Ventura, ou ilustremente, o Zogbodo Male Bogun Seja Unde, o modelar terreiro de nação jeje-mahi, é de suma importância para continuar uma tradição de ensinamentos seculares.

O pedido de tombamento foi encaminhado ao Iphan, à sua 7ª Superintendência Regional, na Bahia, aos cuidados de Carlos Amorim, em 20 de dezembro de 2008, em nome de dona Alaíde Augusta da Conceição, a veneranda vodunce Alaíde de Oyá.

Nos últimos meses, as matas daquela casa sofreram um incêndio que por pouco não devastou o templo; ainda assim, agravou as suas condições físicas e mais do que de laudos antropológicos e da caridade de qualquer espécie, aquela “roça dos voduns” conclama os preservadores instituídos neste Estado a resolverem uma questão socioantropológica de alta relevância para um povo, no caso o baiano, que tem nas religiões de matriz africana esteio civilizatório.

Esta luta está sendo empreendida por patrimônios humanos, nela estão os ogãs Boboso com 103 anos, e Bernardino com 101, além das vodunces Alda e Alaíde de Oyá, a primeira funciona como uma espécie de guardiã, até que se defina a escolha de uma nova gaiaku, o que seria a ialorixá para o povo de ketu.

Também à frente desta ação de resistência e movimento estão o historiador Marcus Alessandro, que é ogã desta casa, a vodunce Dinalva e a ekedy mais antiga, Romilda; os ogãs Buda e Vando também lutam e representam a renovação daquele candomblé.

Recebendo também apoio direto da Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), na figura de Luiza Bairros, e dos cidadãos responsáveis pela preservação de nossa cultura, juntos pedimos: tombem o Seja Unde!

Reunião na casa do Ogã Boboso, em Cachoeira, para discutir a situação da Roça do Ventura: da esquerda para a direita, Ogã Boboso (Ambrósio Bispo Conceição), Vodunsi Alda dos Santos Menezes da Silva, Ogã Bernardino Pereira dos Santos e a Vodunsi Alaide Augusta da Conceição. Foto: MARCO AURÉLIO MARTINS | Agência A Tarde 8.12.2008

Reunião na casa do ogã Boboso, em Cachoeira, para discutir a situação da Roça do Ventura: da esquerda para a direita, ogã Boboso (Ambrósio Bispo Conceição), vodunsi Alda dos Santos Menezes da Silva, ogã Bernardino Pereira dos Santos e a vodunsi Alaide Augusta da Conceição. Foto: MARCO AURÉLIO MARTINS | Agência A Tarde 8.12.2008

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