domingo, 9 de outubro de 2011

O GUARDIÃO DA MEIA-NOITE E O GUARDIÃO DAS 7 PORTAS

Reproduzimos abaixo, um trecho do livro O GUARDIÃO DA MEIA NOITE (Rubens Saraceni/Editora Madras) que compõe o material de apoio do curso virtual Teologia de Umbanda Sagrada, ministrado por Alexandre Cumino, através da plataforma UMBANDA EAD do Instituto Cultural Aruanda- www.ica.org.br-. Boa leitura!

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Diálogo entre o Guardião da Meia-Noite e o Guardião das Sete Portas

(Guardião da Meia Noite) E eu pensei:
“Como era poderoso o Guardião dos Sete Portais das Trevas”, que leu o meu pensamento.

(Guardião das Sete Portas) - Não pense que consegui o meu poder sendo um tolo. Sempre dormi com um olho aberto. Nunca deixei uma ofensa sem resposta, nem um inimigo mais fraco sem conhecer o meu poder.
Nunca deixei de respeitar um igual ou de temer a um mais forte. Foi assim que consegui tanto poder. Também nunca saí da lei do carma. Não derrubo quem não merece, nem elevo quem não fizer por merecer. Não traio a ninguém, mas também não deixo de castigar um traidor. Leve o tempo que for necessário, eu o castigo. Não castigo um inocente, mas não perdoo um culpado. Não dou a um devedor, mas não tiro de um credor. Não salvo a quem quer se perder, mas não ponho a perder quem quer se salvar. Não ajudo a morrer quem quer viver, mas não deixo vivo quem quer se matar. Não tomo de quem achar, mas não devolvo a quem perder. Não pego o poder do senhor da Luz, mas não recuso o poder do senhor das Trevas. Não induzo alguém a abandonar
o caminho da Lei, mas não culpo quem dele se afastou. Não ajudo alguém que não queira ser ajudado, mas não nego ajuda a quem merecer. Sirvo à Luz, mas também sirvo às Trevas. No meu reino eu mando e sei me comportar. Não peço o impossível, mas dou apenas o possível. Nem tudo que me pedem eu dou, mas nem tudo que dou é porque me pediram. Só respeito à Lei do Grande da Luz e das Trevas e nada mais. É por isso que o
Grande exige de mim, portanto, é isto que eu exijo dos que habitam o meu reino. Não faço chorar o inocente, mas não deixo sorrir o culpado. Não liberto o condenado, mas não aprisiono o inocente. Não revelo o oculto, mas não oculto ao que pode ser revelado. Não infrinjo a Lei e pela Lei não sou incomodado. Agora sabe de onde vem meu poder, senhor da Meia-Noite. Eu sou um dos sete guardiões da Lei nas Trevas; os outros seis, procure e a Lei lhe mostrará.

(Guardião da Meia Noite) - Por que o senhor não socorreu o Cavaleiro em sua queda?

(Guardião das Sete Portas) - Foi a Lei Maior que o determinou, por isto eu me calei. Mas quando Ela saiu em seu auxílio, eu arrasei o reino de Lúcifer para saber onde estava o Cavaleiro e acabei descobrindo, pois foi a Lei que me ordenou que assim o fizesse. Ele teve que calar-se e entregar-me o culpado.

(Guardião da Meia Noite) - Obrigado, Guardião dos Sete Portais das Trevas, deu-me uma lição sábia. Sou seu devedor.

(Guardião das Sete Portas) - Nada me deve, Senhor da Meia-Noite. Gosto de ensinar a quem quer aprender, mas também gosto de castigar a quem aprende e faz mau uso do saber.

(Guardião da Meia Noite) Ele bateu o pé esquerdo e o recinto se encheu de entidades que haviam sido religiosos quando na carne.

(Guardião das Sete Portas) - Eis aí um exemplo do mau uso do saber. Eles aprenderam tudo o que precisavam para suas missões na terra, mas não seguiram o que pregaram. Usaram do que sabiam em benefício próprio ou para arruinar aos que acreditaram neles.
Olhe bem, Guardião da Meia-Noite, e verá que os que se diziam sábios, iluminados, profetas, grandes lideres religiosos ou grandes sacerdotes não passavam de otários, idiotas, tolos, imbecis, cegos e mal intencionados. Verá entre eles todo tipo de defeito e nenhuma qualidade. Eram lobos uns, pois se aproveitavam e comiam suas ovelhas e hienas, outros pois se contentavam em consumir os restos deixados pelos lobos. Uns e outros hoje choram pelo erro cometido, pela oportunidade perdida e pela luz não
conquistada. Viveram do mundo e não pelo mundo. A Lei não os perdoou e os entregou a mim. Eu dou-lhes o que merecem porque sou um guardião da Lei das Trevas e esta é minha função. A Lei não iria colocar um ser bom e iluminado para castigar os canalhas nem colocaria um carrasco como eu para premiar aqueles que venceram suas provas. Não! Os guardiões da Lei na Luz têm uma função como a minha, mas afeta a Luz: não
deixam cair quem se fez por merecer à ascensão. Eu não deixo subir aos que se fizeram por merecer a queda.
Eu sou a mão que castiga, a outra é a que acaricia. Eu sou a mão que derruba, a outra a que levanta. Tudo isto eu sou e ainda assim não sou infeliz, triste, arrependido ou ruim. Não sofro de remorso por castigar aquele que a Lei derrubou, assim como um guardião da Lei na Luz nada sente ao premiar a quem merecer. Eu sou o que sou, um guardião da Lei nas Trevas e me orgulho disto porque sei que sou necessário à Lei. E tudo isto você
também é, ou será se assumir todo o seu passado, resgatá-lo e se sentir feliz em servir à Lei. Ela o recompensará quando assim quiser, não porque você peça qualquer recompensa pelo seu trabalho, mas porque a serve sem se lamentar por estar nas Trevas, pois Luz e Trevas são os dois lados do Criador. Há os que trabalham durante o dia e dormem à noite, mas também há os que trabalham de noite e dormem durante o
dia. Há os animais que só saem de sua morada sob o sol e aqueles que só o fazem sob o luar. Há o verão, mas há também o inverno. O que um aquece o outro esfria e vice-versa. Há a primavera, mas há também o outono: o que um faz brotar o outro faz se recolher e vice-versa. Há o fogo para queimar e a água para saciar a sede.
Há a terra para germinar e há o ar para oxigenar. Há tantas coisas, e no fim são somente partes do Um. Por isto lhe digo, Guardião da Meia-Noite, há os anjos e há os demônios. Os anjos habitam na Luz e os demônios nas Trevas. Uns não condenam aos outros, pois sabem que são o que são porque assim quis o Criador. Aqueles que vivem no meio é que criam tanta confusão com suas descidas na carne. Do nosso lado, não há nada disto.
Cada um sabe a que lado pertence. E os que não sabem, são os primeiros de quem nos apossamos. Esta é a Lei que nos rege e a todo o resto da Criação. Mais não vou falar, pois precisaria de muito tempo para tal coisa.
Espero que possa sair daqui melhor servidor da Lei do que quando chegou.

(Guardião da Meia Noite) - Eu agradeço suas palavras, Guardião dos Portais. Pena que eu seja muito pequeno para ajudá-lo, senão eu diria: se precisar de minha ajuda é só pedir!

(Guardião das Sete Portas) - Pois ainda lhe digo que a maior das pirâmides não prescinde da menor de suas pedras; a maior das aves de sua menor pena nem o maior teto de sua menor telha; e nem o maior corpo do seu menor dedo. O maior rio não rejeita a menor gota da chuva nem o maior exército ao seu mais fraco soldado. O maior rico é aquele que valoriza o menor dos seus bens. Muito mais eu poderia dizer, mas me satisfaço em dizer-lhe: obrigado Guardião da Meia-Noite! Se eu precisar de seu auxílio não terei vergonha em lhe pedir, pois por terem vergonha muitos morrem. Morrem por terem desejado algo e não terem provado seu gosto. Vergonha não faz parte do meu vocabulário e a palavra que mais prezo é a que se chama “respeito”. Aja assim e não será traído nem odiado, mas respeitado. Nem os maiores passarão por cima de você e nem os
menores lhe escaparão.

Ele parou de falar.

(Guardião da Meia Noite) - Até à vista, Guardião dos Sete Portais das Trevas!

(Guardião das Sete Portas) - Até à vista, Guardião da Meia-Noite!

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Caso passe este texto cite estas fontes: texto extraído do livro “O Guardião da Meia Noite” (Editora
Madras / Rubens Saraceni – Pai Benedito de Aruanda)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011



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