sábado, 21 de dezembro de 2013

A Lei, O Lixo e A Consciência- Por André Cozta



Nos últimos dias, tenho acompanhado algumas discussões acerca da “Lei do Axé”, aprovada, aqui no Rio, pelo prefeito Eduardo Paes e de autoria do vereador Átila Nunes.
É importante frisar que nós,umbandistas e cultuadores dos Orixás sob outras denominações religiosas, devemos sim encarar esta nova lei como uma vitória.
Por que, o preconceito que ronda nossos rituais por toda a sociedade brasileira, acua muitos dos praticantes dos cultos afro-brasileiros e da Umbanda, fazendo, muitas vezes, com que nos sintamos culpados.
Ocorre que (usarei o Rio de Janeiro, cidade onde vivo, como exemplo), vários eventos acontecem na orla marítima, onde aquele pedaço da cidade torna-se um verdadeiro lixão (eventos de igrejas pentecostais, inclusive). E não vejo nenhum megafone denunciando estas “barbaridades”, mas, quando se trata de um evento como a homenagem à Mãe Iemanjá, tradicional em todo o final de ano em Copacabana, ou de qualquer oferta à beira mar, flor jogada ao mar, ou, trabalho em encruzilhadas, aí sim, setores da nossa sociedade que fazem reviver pensamentos reacionários de quatro ou cinco décadas atrás, tomam força, engrandecendo-se, agigantando-se e conseguindo, muitas vezes, vitórias importantes junto a setores políticos e ao poder público.
Se, são cidadãos aqueles que seguem as filosofias religiosas apregoadas pelas igrejas cristãs, também são cidadãos, pagadores de impostos, neste país, os umbandistas, os candomblecistas, os batuqueiros, os catimbozeiros, juremeiros e tantos outros praticantes de religiões naturais (que cultuam Deus através da Natureza) tão discriminados, ainda, em pleno Século XXI.
Que todos nós façamos campanhas eloqüentes contra o ato de se jogar papel ao chão, de se produzir lixo irresponsável e de modo inconsequente pelas vias públicas das cidades do nosso país. Isto sim é lixo!
Importante que, nesta lei municipal, aqui na capital fluminense, os elementos ritualísticos usados nas oferendas e agrados à guias espirituais e Orixás, não sejam considerados lixo.
E é a partir daí que pretendo firmar minha linha de raciocínio.
Tudo o que escrevi anteriormente, é válido, e penso que você que lê este texto, comigo concorda.
Porém, muito além do amparo legal, devemos trabalhar nossa consciência coletiva enquanto praticantes de religiões naturais. Afinal, é a partir da Natureza que encontramos nossa conexão com o que é Divino.
Arriar uma oferenda à beira mar, lagoa, cachoeira, em uma mata, em campo aberto, pedreira, bambuzal, campo santo ou encruzilhada, é um ato sagrado, de reverência e respeito para com os Poderes Manifestados do nosso Pai Criador, por intermédio da Natureza Mãe.
Este é um ponto de conexão, tenho certeza, no modo de pensar de todos nós, cultuadores dos Orixás.
Se, é este um ato sagrado, de reverência e de respeito, então, nossa consciência pede que tenhamos cuidado e capricho para com o trabalho religioso (que como todo trabalho, em qualquer religião, é muito sério!) tendo todo o cuidado possível para com o que realizaremos.
Adentrar um ponto de forças natural, um sítio divino, é adentrar na casa do Pai e da Mãe. Se, você é um filhos relapso, desleixado, desligado, sujará tudo, estragará objetos e dará trabalho desnecessário aos seus Pais. Mas, se você é um filho cuidadoso, meticuloso, com capricho cuidará de tudo e adentrará à casa deles com o máximo de respeito e carinho.
Tudo isto eu escrevi, para dizer que, se temos o amparo da Lei, aqui no Rio, não considerando o material utilizado nas oferendas como lixo, então, nossa responsabilidade, a partir de agora, aumenta em cem por cento.
Sabe por quê?
Exatamente, por que a Lei já determinou que não é lixo. E não seremos nós que o transformaremos nisso, ok?
Teremos, a partir de agora, cuidados redobrados. Arriaremos nossas oferendas, ofertas, agrados, trabalhos e, amparados por nossos orientadores espirituais que, invariavelmente nos acompanham nestes momentos, saberemos o tempo necessário para que o “axé” seja retirado dos elementos e nós possamos, com o mesmo amor, reverência e respeito que arriamos, recolher todo o material, encaminhando-o a um ponto de coleta de lixo.
Isto sim, caríssimos irmãos e irmãs, é cultuar o Divino através da Natureza, com consciência, ecológica e de equilíbrio.
Portanto, já sabemos que nosso ato de cultuar ou praticar nossa fé (sempre soubemos) não se faz com lixo. O município (ao menos aqui no Rio), também já sabe. Então, coloquemos em ação nossa consciência, de quem ama a Natureza e ama a Deus, tratando seus sítios naturais com amor;
Um abraço fraterno à todos!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Servir aos Orixás- Por André Cozta


Em nossa incansável trilha evolutiva, invariavelmente, nos deparamos com situações que nos colocam de frente para o lado divino da Criação.
Por que, seja aqui no mundo material ou no lado espiritual da vida humana neste planeta por nós chamado Terra, estamos sempre com nossas “antenas” ligadas para com o Divino.
E, se de lá nós viemos e aqui evoluímos, em verdade, somos como adolescentes que vão para uma “balada’, com um celular carregado, a fim de que o Pai e a Mâe conosco mantenham contato.
E nesta balada, que é a nossa caminhada evolutiva humana, balançamos, caímos, por vezes desligamos o “celular” que nos conecta com a Mãe e o Pai, mas, quando nos vemos em desespero, imediatamente nos lembramos de levar a mão ao bolso, puxar o celular, promovendo naquele instante uma chorosa ligação, pedindo auxílio ao Pai e à Mãe.
Nesta caminhada, nós, os adolescentes, por muitas vezes rebeldes, acabamos cometendo sempre alguns erros. E é no momento em que nos vemos em apuros que, olhamos para um lado, para o outro, querendo buscar a ajuda que nos parece distante, mas, que na verdade, habita nossos íntimos.
Nosso Pai Criador nos dotou de tantos recursos, em nós e à nossa volta, que, tivéssemos ciência da metade deles, teríamos, finalmente, encontrado um belo atalho para o retorno ao nosso Lar Divino.
Os Sagrados Orixás são manifestações de Poderes de Olorum, nosso Pai Maior e Divino Criador. Habitam nossos íntimos, assim como, o mundo visível ao nosso redor e o invisível também.
Se, são Eles e Elas, os Pais e Mães Orixás, manifestações do Criador do Todo, a Eles e Elas devemos reverenciar, do mesmo modo que reverenciamos o Criador Olorum.
E aí é que está a grande questão: como, de fato, nós reverenciamos nosso Criador?
Percebo, ainda, neste momento decisivo e crucial em que estamos vivendo no mundo material, cultuadores dos Orixás tratando-os como seus serviçais.
Pensam que estão à sua disposição, ao seu bel prazer, que devem ser presenteados por Eles e Elas com o que acham ser do seu merecimento, como crianças mimadas que, contrariadas, empacam e emburram.
A estas pessoas, se ainda não está claro, é necessário esclarecer a partir de agora, que, nós, filhos em evolução do Divino Olorum, cá estamos para progredir. E nós, os filhos em constante aprendizado, é que devemos servir à Ele, na Umbanda, através dos Sagrados Orixás.
Percebo, em muitos momentos, a falta de hábito de se ajoelhar para um Orixá, que é em si um Poder manifestado de Deus, uma Divindade.
O orgulho exacerbado e a não vontade em trilhar o caminho que leva à humildade, dificulta uma sintonia fina com os Orixás e, por conseqüência, com o Criador.
Toda a experiência que venho adquirindo na Umbanda ao longo da vida, além dos ensinamentos que obtenho com os mestres encarnados e desencarnados, me fazem concluir que, cada vez mais, devemos nos colocar aos pés dos Orixás, aos pés de Deus.
Por que, assim fazendo, estaremos nos fortalecendo.
O movimento inteligente é encostar a cabeça ao solo, já, o movimento ignorante é empinar o nariz sentindo-se altivo.
Os guias espirituais, na Umbanda, são manifestadores destes Mistérios Divinos, que são os Orixás, que são Divindades, que são Poderes manifestados do Todo, que são Irradiações Divinas que vêm do Alto abastecendo nosso chacra coronal, assim como são correntes eletromagnéticas, faixas vibratórias que vêm à nossa frente, abastecendo nosso chacra frontal e todos os nossos chacras.
Assim, percebemos que a Cruz da Vida é o grande combustível divino, que nos mantém vivos e evoluindo.
Só isso, já é motivo mais do que suficiente para que ajoelhemos à frente de uma árvore, por exemplo, agradecendo à Deus, ao Divino Pai Oxossi, por estarmos vivos, ou, à beira do mar, fazendo o mesmo movimento para Mãe Iemanjá, ou, em uma pedreira, para o Pai Xangô, em uma cachoeira para a Mãe Oxum, etc.
Estamos num momento do ano em que as pessoas pensam muito nos presentes de Natal. Então, pergunto: que presente melhor do que se entregar à um Orixá, neste fim de ano, você pode receber?
Você, em algum momento da sua vida, já se ajoelhou de forma sincera aos pés de um Orixá?
Sugiro que o faça e, então, sentirá a diferença no fluir da vida.
E, se você ainda acha que os Orixás são seus serviçais, por favor, promova uma reflexão íntima e reforme-se, renove-se e retome a caminhada do início, afinal, como diz meu amado Pai Thomé do Congo: “Humildade é Sabedoria”.


Um abraço fraterno a todos!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Culto à Ignorância- Por André Cozta



A  sabedoria  deve ser, em qualquer setor da vida humana, a meta a ser atingida. E o conhecimento, a mola propulsora que nos projeta à ela.
Não é possível que, ainda a esta altura do campeonato, passando por tudo o que temos passado,  as lições não tenham sido suficientes para que a humanidade se convença de que, se a Fé move montanhas e só o Amor constrói, tão somente o Conhecimento expande.
E isto acontece naturalmente. Conhecimento é expansão, abertura de portais para novos horizontes na nossa caminhada evolutiva.
Cresci ouvindo dizer que na minha religião, a Umbanda, não se devia estudar, pois, se aprende tudo na prática.
Em outros setores da vida, também vi e ouvi alguns ranços para com o estudo, discriminando aqueles que buscam, por intermédio da pesquisa e dos estudos, o saber evolutivo.
Ora, todos os estudiosos e pesquisadores  são curiosos e incansáveis, por que, a cada descoberta, brotam em suas mentes mais e mais questionamentos. Não fosse assim, tenha certeza, ainda viveríamos em uma sociedade primitiva em todos os sentidos.
Àqueles que resistem ao estudo, defendendo única e exclusivamente a prática, proponho uma reflexão: “Há quem acuse o teórico de não praticar. Só que, se não houvesse a prática, eles, os pesquisadores, não teriam o que estudar. E se não houvesse a pesquisa, em muitos casos, a prática não se sustentaria, pois, sem perspectivas, não cresceria. Portanto, a teoria não é mais importante do que a prática e vice-versa. Quando há priorização de uma ou  outra, simplesmente, a coisa não acontece direito. Ambas devem andar de braços dados sempre”.
Na Umbanda, hoje em dia, há (graças à Olorum, nosso Pai!) um forte movimento em prol do estudo. Cursos de Teologia de Umbanda, Sacerdócio e outros, brotam pelo país afora.
E isto vem incomodando alguns, que se sentem ameaçados pelo conhecimento. Outros tantos, não sentindo esta ameaça, ainda não conseguiram compreender e captar a importância que tem este movimento para crescimento e continuidade da nossa religião.
Lutar contra o estudo na Umbanda é cultivar e cultuar (mesmo que não intencionalmente) a ignorância.
Por que, se tudo na Criação de Deus é bipolarizado, não tem jeito, no polo oposto ao conhecimento está este verbo que descrevi no parágrafo anterior.
“Meu guia sabe tudo, eu não sei nada”. “Os Orixás e guias espirituais vão nos intuir, e assim seguiremos com nosso trabalho de caridade.”
Estas ainda são frases comuns, infelizmente, em alguns lugares onde se pratica a Umbanda.
A estes, com todo o respeito que devo, digo o seguinte: continuem assim... e morrerão sem saber por que acendem um palito de fósforo durante o ritual. Continuem assim e, do outro lado da vida, serão levados a núcleos escolares para uma verdadeira “alfabetização espiritual”.
E ainda serão cobrados, por seus guias e mentores, que apontarão para o lado de cá, mostrando que, aqui tiveram a oportunidade e não souberam aproveitar.
É certo que há casos de trabalhos em templos umbandistas em que alguns guias espirituais atuam como verdadeiros professores, ensinando muitas coisas aos médiuns, que vão além da ritualística da casa.
Porém, desafio qualquer médium ou dirigente umbandista agora: pergunte ao seu guia chefe espiritual se ele é contra o estudo teológico da nossa religião. Mas, purifique seu mental e escute a resposta dele e não a do seu ego.
Aposto que ele sugerirá que você busque o conhecimento, transmute-se e acelere o passo no rumo do saber evolutivo.
Não cultivemos nem cultuemos a ignorância. Engrossemos as fileiras do conhecimento dentro da nossa religião.
Umbanda tem fundamento, é preciso preparar-se.


SARAVÁ!!!!!!!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Meu Nome é Umbanda- Por André Cozta




Muito prazer, meu nome é Umbanda!
Estou sempre em sua vida, ajustando o que está desajustado, corrigindo o que deve ser corrigido, curando o que deve ser curado, desnegativando o que está negativado, desmagiando o que está magiado pela ignorância que assola a humanidade.
Sou eu quem lhe recebe de braços abertos quando você não tem mais aonde recorrer. É no meu colo que assenta sua cabeça e chora, à vontade, até que todas as suas lágrimas rolem levando embora suas angústias.
É nos meus braços que você sorri e compartilha, com seus irmãos, a alegria de viver em Deus, por que, Ele é a Razão de estarmos todos aqui, inclusive eu, um caminho colocado por Ele para a sua Evolução e dos seus irmãos que comigo se afinizam.
Chamo-me Umbanda, e me orgulho muito disso!
Não por considerar meu nome belo e pomposo, mas, por saber que este nome atrai o Amor de tantos que, a partir de mim, querem estender suas mãos servindo ao próximo.
E se a máxima deve ser, “ama ao próximo como a ti mesmo”, apregoada pelo maior Senhor da Fé que a humanidade já conheceu, então, cá estou para ser o veículo transportador e manifestador deste Amor.
Sou puro Amor, mas também sou Fé Cristalizada e fortalecida, Conhecimento Expansor de mentes e corações, Justiça Equilibrada e Lei Ordenada na vida dos seres que sob minha guarda se colocam, sou Evolução Transmutadora e Estabilizadora da Vida, por que, simplesmente, estimulo a Vida, a Geração, a Criação o tempo todo e para todos que sob meus braços estão.
Sou apenas isso. Levo a humildade e a caridade a você e á todos que me procuram.
Sou o templo gigante no coração, simples e humilde na sua forma, que abarca e abraça todos que sob o Amor Divino, com humildade, se colocam, como servidores incondicionais da Criação, do Criador do Todo.
Muito prazer, mais uma vez! Chamo-me Umbanda... e você?




quarta-feira, 19 de junho de 2013

O Mago: Seus Elos e Duelos- Por André Cozta


Caminhando, ora sob o sol escaldante, ora sob uma tempestade, ora sob o céu minado de estrelas de uma noite enluarada, ora aquecendo-se à frente da fogueira na madrugada fria, ora deitando-se à grama a fim de curar seus campos vibratórios, ora ingerindo um copo de água para purificar-se e renascer para o restante da sua jornada, ora  elevando um cristal límpido à sua testa, a fim de se reenergizar e se magnetizar, ora usando da energia das pedras para restituir-se por completo, ora pisando descalço na terra, para estabilizar-se e transmutar seu todo espiritual e físico.
Assim o Mago vai criando elos com a Natureza Mãe, manifestadora dos Poderes do Pai Criador. E a cada ligação estabelecida, a cada iniciação absorvida em seu íntimo, em cada trabalho contributivo para a Evolução do Todo, percebe, sutilmente e a cada momento, que não há apenas uma tarefa a ser executada e que sua função na Criação é estratégica, pois é a de trabalhar pela manutenção do equilíbrio Nela.
Se estes elos, estas ligações, o dotam de uma responsabilidade ímpar, então, deve o Mago estar consciente de que a inversão destas polaridades (trocando em miúdos: das suas responsabilidades), criarão “elos invertidos”, ligando-o aos polos negativos da Criação.
E, se até então, trabalhava pela manutenção do equilíbrio, passa, a partir deste momento, a manifestar o vício do desequilíbrio e, consciencialmente desequilibrado, manterá em si a obsessão em destruir tudo o que  é construído pelo Pai Criador.
Se os elos de um Mago podem e devem ser positivos, não devemos fechar os olhos para a possibilidade da negativação dos mesmos.
E é neste ponto que ligamos os elos aos duelos externos, ou seja, à luta diária de um mago para tudo o que, ao seu redor, trabalhará para desequilibrá-lo, cansá-lo, derrubá-lo e fazê-lo desistir da caminhada. É neste ponto que, também, ligamos os elos aos duelos internos, pessoais e íntimos do Mago.
Por que, se há forças externas impeditivas, tentando incansavelmente e o tempo inteiro suprimir este servidor de Deus, há, também e inegavelmente, forças internas trabalhando da mesma forma.
Durante sua longa jornada, o Mago teve em si, altos e baixos. Caminhou sob tempestades, nevascas, mas também sob belas noites estreladas e sob dias de sol brilhante.  E o que parece uma dicotomia, nada mais é do que algo simples de se definir: “caminho evolutivo”.
A Evolução de um Ser Humano e, por consequência, de um Mago, deve ser vista com mais naturalidade e menos sensacionalismo, penso eu!
Costumamos alardear e criticar os supostos erros alheios. Digo “supostos”, por que são sempre ERROS nos outros e pequenas falhas (quando reconhecidas) em nós.
As quedas conscienciais do ser humano, nada mais são do que parte do aprendizado, matéria prevista no programa de ensino da Escola da Vida.
Muitos não compreenderão isto. Podem querer alguns  apedrejar-me, até, mas, é preciso que acordemos para esta realidade, que é a de que todos nós aprendemos e crescemos com os erros e, fundamentalmente, quando quedamos.
Aposto que se nunca caíssemos, com certeza, nunca sairíamos do lugar e, com mais certeza ainda, não teríamos chegado onde estamos agora.
Sim, caros irmãos e irmãs, todos nós já estamos muito distantes do ponto de partida! E ainda estamos bem longe do ponto de chegada!
Fiz esta pequena observação, para que nos coloquemos todos no mesmo ponto, na mesma condição.
Voltando à caminhada do Mago, posso dizer que minhas avaliações e estudos têm me levado a concluir que este, como mais um servidor da Criação (nem mais, nem menos importante do que qualquer outra função serva de Deus), está talhado com as intemperes, com os erros, mas também está preparado (e preparando-se constantemente), para estender a mão a qualquer irmão, ou grupos de irmãos, auxiliando no seu reequilíbrio, quando necessário e contribuindo para seu redirecionamento na caminhada.
Mago não é aquele que aprende algumas fórmulas mágicas ou a manipular elementos.  E sim é aquele que se entrega, de braços abertos, à Deus, à Mãe Natureza, às Divindades Manifestadoras do Todo e aos Mestres condutores e guias das jornadas evolutivas.
É aquele que, quando se entrega, abdica de prazeres e ilusões, pondo-se aos pés do Criador, como seu servo. É aquele que passa pelas iniciações e, a cada uma, sente visivelmente em si, que subiu mais um degrau na escada evolutiva.                                  
Os elos  de um Mago podem, como já citei, fazê-lo duelar contra agentes externos ou internos, impeditivos da sua caminhada. Mas também podem ser Elos com o Alto que o fortalecerão para o duelo contra tudo e todos que se opõem a Ele, o nosso Pai Criador.
E que nós, Magos amparados pela Magia Divina, atinjamos este grau citado no parágrafo anterior.
Que reflitamos sempre, o tempo inteiro, acerca da nossa missão e função. E que nos perguntemos, constantemente: “O que quer de mim, o meu Criador?”
Que Deus abençoe a todos!


domingo, 5 de maio de 2013

O Mundo de Zezinho- Por André Cozta




Zezinho prosseguia em sua caminhada no plano material da vida humana esforçando-se para evoluir mais a cada dia.
Não abria mão do cumprimento da sua missão, ora como médium umbandista, ora como Mago servidor da Criação através dos graus da Magia Divina em que era ordenado.
E isso o nutria de uma satisfação inenarrável, indescritível e indefinível.
Certo dia,  pensava em tudo que o cercava e percebeu que encontrava respostas e soluções para questões aos quais julgava necessitarem de um certo “realinhamento” ou “reajuste”.
Então, notou que estava se tornando um exímio julgador. Tinha em si soluções para tudo e para todos. Nas conversas com seus irmãos no terreiro e nas lidas da magia, possuía sempre uma resposta afiada, na ponta da língua, para qualquer questão.
Vinha à tona ali, um médium e mago julgador, punidor e executor.
Como uma de suas mais latentes virtudes (talvez a mais latente de todas), era a observação (inclusive a auto-observação), começou a perceber em si próprio que estava deixando-se tomar pela vaidade e que seu ego começara a direcionar seus passos.
Preocupadíssimo, tratou de encaminhar-se a uma cachoeira, ambiente ao qual sempre recorria para reenergizar-se.
Lá chegando, sentou-se à mesma pedra, como já era seu hábito naquele ponto de forças da Natureza. Pôs-se a refletir.
Ali, sentando, pensando e se auto avaliando, passou a perceber que sua paciência e tolerância para com seus irmãos, antes era bem maior, e que estava se tornando um ser impaciente, intolerante e implacável nos seus julgamentos.
Concluiu que, se  avançava a passos largos na compreensão das coisas de Deus e da Criação, se os seus estudos o levavam à plagas mais distantes, muitas ainda não imaginadas por alguns daqueles com os quais convivia, possuía esta outorga divina justamente para que, sempre voltasse, estendesse as mãos aos semelhantes, conduzindo todo aquele que se dispusesse de coração a conhecer novos horizontes, ou seja, aqueles caminhos que nos conduzem às Divindades, que nos levam de volta ao nosso caloroso, amável, “Colo Ancestral”.
Se assim era a Vontade Maior, não poderia ele, Zezinho, acelerar o passo e seguir em frente sem olhar para trás, como um  “envenenado” carro de Fórmula 1. Por que, assim agindo, invariavelmente, em alguma curva, poderia encontrar um “trágico” paralisador  do seu equívoco.
Mergulhou naquelas águas límpidas e cheias de Amor. Reenergizou-se na cachoeira.  Ficou naquele ambiente por horas incontáveis, saindo somente quando a noite avizinhava-se.
Já em casa, naquela noite, foi à janela do seu quarto e ficou fitando a Lua e as Estrelas.
Viu, naquele momento, o quão ele, Zezinho, era minúsculo em meio ao Todo, porém, não menos fundamental para a Criação do que qualquer estrela, satélite, planeta, dimensão, plano, ser ou criatura dela. Todos, concluía, protagonizavam coletivamente um “filme” que mostrava belíssimas cenas e que tornavam ainda mais bela a composição e evolução do Todo.
Pode compreender, a partir daquele instante que, quanto mais aprendia, mais a aprender tinha. E que um grande erro cometido por ele, até ali, era o de passar a enxergar o mundo a partir de si.
Passou, a partir de então, a ver-se no Todo, não mais vendo-O a partir de si. E, respeitando as diferenças, caminhou mais leve e mais sorridente.
Por isso, Zezinho, hoje, Mago e Médium Umbandista, recebe a todos com um sincero sorriso no rosto, especialmente, àqueles que o procuram com lágrimas nos olhos e mágoas no coração.
Zezinho destruiu o mundo que criava em seu íntimo, que o fazia ver tudo a partir dos seus julgamentos e colocou-se dentro do mundo real, onde é mais um filho do Criador que serve a Ele sem pesos no coração e na alma.

terça-feira, 9 de abril de 2013

RELATOS UMBANDISTAS- Lançamento Madras Editora- Por André Cozta



 Estou lançando o primeiro dos meus 3 livros que serão publicados pela Madras Editora.

"Relatos Umbandistas" é uma obra simples, como simples é a Umbanda, e que, através desta característica fundamental, contém em seu teor alguns ensinamentos, provocando reflexão naqueles que a ela chegarem, especialmente, os umbandistas.

O Preto Velho Pai Thomé do Congo traz a nós, através deste compêndio, depoimentos de 7 médiuns umbandistas desencarnados, relatando suas experiências, todas passadas no Brasil em meados do Século XX.

Avaliam seus erros e acertos e, principalmente, buscam alertar os médiuns e praticantes de Umbanda encarnados neste momento para questões como o conhecimento e o estudo dentro da religião umbandista, a humildade, a vaidade.

O prefácio desta obra é assinado pelo Mestre Alexandre Cumino.

Colocamos, humildemente, este livro à disposição daqueles que se interessarem pelo assunto, podendo adquiri-lo nas melhores livrarias.
Também podem entrar em contato conosco através deste email ou do endereço umbandaemagia@gmail.com.

Que a Paz do Divino Pai Oxalá esteja com todos!

Abraços Fraternos;

André Cozta

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Umbanda: Magia Pela Fé- Por André Cozta




Segundo o Mestre Rubens Saraceni, as Divindades que atuam nas religiões, o fazem a partir da Fé, o primeiro Sentido da Vida, enquanto as que atuam na magia, o fazem a partir da Evolução, o sexto Sentido da Vida.
Por vias diferentes, buscam a mesma finalidade, que é a de nos direcionar em nossa caminhada evolutiva para o destino que nos foi designado por Deus.
Parece simples e simples é, até que nós, os humanos, coloquemos nossas “abençoadas” mãos nas situações e comecemos a desvirtuar todo um plano divino, onde fomos colocados como “pontas” fundamentais para a ligação deste planejamento maior com o mundo material onde vivemos.
Mas, como nem tudo é tragédia (graças à Deus!), há também muitos e bons casos de pessoas que estão seguindo à risca o plano divino, ou seja, trazendo ao plano material o que foi designado pelo Alto, a partir do nosso Criador Amado, passou por suas Divindades Manifestadoras de Poderes (os Sagrados Orixás),  foi entregue aos Mestres e Guias da Luz e incumbido a nós, os encarnados, que recebemos como missão a disseminação do Verbo Divino aqui no plano material.
E, neste momento, passo a falar especificamente aos umbandistas.
Sabemos que toda e qualquer religião faz parte do Plano Maior de Deus. Cada uma tem uma função específica aqui no plano material, mas, todas, são “atalhos” evolutivos para que nos religuemos à Ele.
A nossa Sagrada e Amada Umbanda  não é diferente, portanto, nem melhor, nem pior do que qualquer outra religião estabelecida no plano material da vida humana.
Mas tem suas próprias características. E isto a torna única, assim como as outras.
Não devemos confundir as influências desta religião que ainda engatinha na história da humanidade com identidade.
Se você, por exemplo, carrega semelhanças em traços físicos com seu pai ou sua mãe, isto não significa que deverá, então, ter o mesmo número de identidade, CPF, título de eleitor de um deles, não é mesmo?
Então, trazendo isto para a nossa realidade religiosa, devemos concluir que, se a Umbanda teve as suas influências (como todas as outras religiões estabelecidas atualmente no mundo as tiveram), por outro lado, teve e tem suas próprias características, seus preceitos, ritos, gênese, teologia, teogonia e cosmogonia.
A Umbanda é uma religião mágica por essência e natureza. Por que movimenta em suas práticas e ritualísticas os Mistérios Divinos, as essências que formam a Natureza Mãe e por que cultua as Divinas Hierarquias Naturais pontificadas pelos nossos amados e amadas Pais e Mães Orixás.
Tudo isso eu escrevi até aqui, para dizer que na Umbanda, religiosidade, fé e magia, se amalgamam num único ritual.
E o ser que adentra um templo umbandista, numa realidade urbana, se sentirá num ponto de forças da natureza.
Por que assim é nossa religião. Se, as religiões como citei no início deste texto, atuam em nossas vidas pelo Sentido da Fé, o primeiro, e a Magia atua pelo Sentido da Evolução, o sexto, ouso dizer neste meu comentário, que a Umbanda combina isso tudo, fazendo as duas coisas ao mesmo tempo.
A Sagrada Religião Umbandista une Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração, a partir da Fé, Transmutando os seres pela Evolução.
A Religião de Umbanda Sagrada é Magia pela Fé e é Fé pela Magia.
Sem Fé não damos o primeiro passo em nada em nossas vidas. E a magia umbandista é o recurso divino colocado à disposição dos fieis, adeptos e simpatizantes dessa religião para que se purifiquem, equilibrem e caminhem com as suas próprias pernas.
Se você procura um templo umbandista a fim de tê-lo como muleta, de que ele resolva seus problemas, aconselho a dar meia volta e nem adentrá-lo.
Mas se você procura um templo umbandista a fim de encontrar a força que habita seu íntimo, a Essência Divina que o move e, muitas vezes, não consegue perceber, então, adentre-o e seja bem vindo.
Magia pela Fé, ou, Magia Branca, como muitos costumam definir, deve ser única e somente um recurso estimulador para que os seres caminhem por si só. Deve purificar, equilibrar, ordenar e abrir caminhos.
Nunca deve interferir no livre arbítrio de quem quer que seja.
Por que a Umbanda, assim como toda a religião, é um recurso da Lei Divina. Aqui, no plano material, se um agente ou instituição ligado à lei humana corromper-se, atuar contra a lei, estará pulando para o lado criminoso da sociedade, não é mesmo?
Pois bem, todo o templo religioso que infringe ou agride à Lei Divina, está passando para o lado contrário à ela. Estaremos, neste caso, diante de um exemplo de corrupção espiritual ou religiosa, como queira definir.
Conversas que tive, nos últimos tempos e recentemente, com algumas pessoas, me moveram a escrever este texto.
Há, infelizmente, por aí, ambientes de práticas dúbias e duvidosas, usando o nome da Umbanda para atrair pessoas.
Parafraseando meu Mestre em Teologia, Alexandre Cumino: “Umbanda é religião, por isso só pratica o bem”.
Colocar à frente de uma casa o nome da Umbanda ou de qualquer outra religião é bem fácil.
Porém, não tão fácil assim, é ter o amparo dos Senhores Mentores, Orientadores da religião umbandista, que são Senhores Mestres da Luz, tampouco dos Senhores Maiores desta religião, os Sagrados Orixás.
Meu intuito com este texto é provocar em você uma profunda reflexão.
Como você tem lidado com a Umbanda? Como a pratica? Como tem sido a sua doação à Deus através da Umbanda?
Sugiro que busque sempre informações, estude, pois, como escrevi em outra oportunidade, devemos estudar a Umbanda a partir da observação profunda de tudo o que vemos nos rituais, amparados sempre pelas obras trazidas ao plano material pelos Mestres Dirigentes da nossa religião no astral.
Reflita... e nunca se esqueça que Umbanda é Magia pela Fé, através da Fé, a partir da Fé, para que trilhemos de forma pura os Caminhos da Evolução.

Saravá Umbanda!!!!!!!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Estudo na Umbanda- Por André Cozta




Invariavelmente, vemos e ouvimos  experientes médiuns e dirigentes espirituais umbandistas (e sempre se orgulham disso) declararem que em seus trabalhos não utilizam-se do fumo (cigarros, charutos ou cachimbos) e/ou da bebida alcoólica.
Argumentam que estão “doutrinando” seus guias. Ou seja, o próprio umbandista corrobora para a tese preconceituosa de que, na nossa religião, os espíritos são atrasados.
Deixo aqui uma declaração pessoal para que você reflita: eu, André Cozta, tivesse em algum momento, em todos esses anos, percebido um arremedo de atraso que fosse, por parte dos guias espirituais umbandistas, com certeza, já não estaria mais praticando esta religião que me foi dada no berço.
Fiz esta colocação nos três primeiros parágrafos deste texto, exatamente a fim de introduzir o que pretendo abordar nele: o estudo na Umbanda.
Por que, neste primeiro século de existência da nossa religião, não foram poucos os lugares e momentos em que se apregoou o anti-estudo, alegando-se sempre que na prática tudo aprendemos.
Ora, se eu não tivesse aprendido a datilografar aos meus 14, 15 anos, aproximadamente, levaria, com certeza, uma hora ou perto disso para digitar este texto, o que faço, normalmente em, no máximo, quinze minutos. Se eu não tivesse sido alfabetizado na tenra idade, como poderia aprender a digitar, ao menos (mesmo sem cursar datilografia), sem base alguma?
Pois bem, ao longo destas minhas pouco mais de quatro décadas de vida, infelizmente, tenho visto muito disso na Umbanda. A pregação de que a prática ensina tudo. Só que, a prática sem embasamento algum, acaba distorcendo muitas coisas dentro da lida religiosa, se não todas.
Vamos parar para refletir um pouco: se eu, médium umbandista, pego um cigarro que me foi intuído pelo meu Malandro, mais a cerveja e vou para o trabalho inseguro, pouco ou nada sabendo para que aquilo serve, como deverá trabalhar o meu guia? Bloqueado, travado, com certeza! 
Porém, se eu souber, por exemplo, que o elemento fumo é estabilizador, transmutador, que está sob a irradiação da Evolução (Pai Obaluayê), que é um elemento terra-água, que, ao manipulá-lo, o guia, além de estar “defumando” o consulente, a mim mesmo e ao ambiente, está manipulando cinco dos sete elementos: vegetal (expansor), terra (transmutadora, estabilizadora), água (vivificadora, purificadora, mobilizadora) ar (ordenador e direcionador) e fogo (equilibrador, consumidor de negativismos, energizador e purificador)... como fluirá o trabalho do guia? Solto, leve e cumprirá suas devidas funções naquele tratamento.
O princípio básico de estudos na Umbanda deve ser, na minha modesta opinião, a observação. Como deve ser no estudo de qualquer ciência (a Umbanda assim é, bem como todas as religiões, que manifestam de alguma forma, a Ciência Maior, que é a Ciência Divina).
Observar, analisar, avaliar, anotar (no papel ou mentalmente) os movimentos e seus resultados.
Aliado a este movimento prático, fundamental e necessário em qualquer estudo, o umbandista deve buscar o conhecimento através dos livros já colocados à nossa disposição aqui no plano material pelos Mestres Dirigentes do Ritual de Umbanda Sagrada.
Assim, perceberá, em pouco tempo, um salto de qualidade, tanto no seu conhecimento acerca da religião, já expandido, como na sua prática, na manifestação dos seus guias espirituais.
Umbanda não é “fenomenologia”, é uma religião por que nos religa a Deus Pai através da Natureza Mãe e de suas Divinas Hierarquias (os Sagrados Orixás). E também é uma Ciência, por que nos mostra, o tempo todo, a partir da sua simplicidade, que simples é a Criação, manifestada matematicamente na Ciência Criadora de Deus Pai.
Portanto, neste texto breve, simples e escrito com o coração, quero propor a todos os irmãos e irmãs umbandistas, que ainda não acessaram a chave do conhecimento da nossa religião, que repensem sobre isso, se repensem e, através do estudo, recomecem suas caminhadas.
E que o Divino Pai Oxalá, assim como todos os Sagrados Orixás, vos iluminem sempre!


SARAVÁ!!!!!!!