sábado, 21 de dezembro de 2013
A Lei, O Lixo e A Consciência- Por André Cozta
Nos últimos dias, tenho acompanhado algumas discussões acerca da “Lei do Axé”, aprovada, aqui no Rio, pelo prefeito Eduardo Paes e de autoria do vereador Átila Nunes.
É importante frisar que nós,umbandistas e cultuadores dos Orixás sob outras denominações religiosas, devemos sim encarar esta nova lei como uma vitória.
Por que, o preconceito que ronda nossos rituais por toda a sociedade brasileira, acua muitos dos praticantes dos cultos afro-brasileiros e da Umbanda, fazendo, muitas vezes, com que nos sintamos culpados.
Ocorre que (usarei o Rio de Janeiro, cidade onde vivo, como exemplo), vários eventos acontecem na orla marítima, onde aquele pedaço da cidade torna-se um verdadeiro lixão (eventos de igrejas pentecostais, inclusive). E não vejo nenhum megafone denunciando estas “barbaridades”, mas, quando se trata de um evento como a homenagem à Mãe Iemanjá, tradicional em todo o final de ano em Copacabana, ou de qualquer oferta à beira mar, flor jogada ao mar, ou, trabalho em encruzilhadas, aí sim, setores da nossa sociedade que fazem reviver pensamentos reacionários de quatro ou cinco décadas atrás, tomam força, engrandecendo-se, agigantando-se e conseguindo, muitas vezes, vitórias importantes junto a setores políticos e ao poder público.
Se, são cidadãos aqueles que seguem as filosofias religiosas apregoadas pelas igrejas cristãs, também são cidadãos, pagadores de impostos, neste país, os umbandistas, os candomblecistas, os batuqueiros, os catimbozeiros, juremeiros e tantos outros praticantes de religiões naturais (que cultuam Deus através da Natureza) tão discriminados, ainda, em pleno Século XXI.
Que todos nós façamos campanhas eloqüentes contra o ato de se jogar papel ao chão, de se produzir lixo irresponsável e de modo inconsequente pelas vias públicas das cidades do nosso país. Isto sim é lixo!
Importante que, nesta lei municipal, aqui na capital fluminense, os elementos ritualísticos usados nas oferendas e agrados à guias espirituais e Orixás, não sejam considerados lixo.
E é a partir daí que pretendo firmar minha linha de raciocínio.
Tudo o que escrevi anteriormente, é válido, e penso que você que lê este texto, comigo concorda.
Porém, muito além do amparo legal, devemos trabalhar nossa consciência coletiva enquanto praticantes de religiões naturais. Afinal, é a partir da Natureza que encontramos nossa conexão com o que é Divino.
Arriar uma oferenda à beira mar, lagoa, cachoeira, em uma mata, em campo aberto, pedreira, bambuzal, campo santo ou encruzilhada, é um ato sagrado, de reverência e respeito para com os Poderes Manifestados do nosso Pai Criador, por intermédio da Natureza Mãe.
Este é um ponto de conexão, tenho certeza, no modo de pensar de todos nós, cultuadores dos Orixás.
Se, é este um ato sagrado, de reverência e de respeito, então, nossa consciência pede que tenhamos cuidado e capricho para com o trabalho religioso (que como todo trabalho, em qualquer religião, é muito sério!) tendo todo o cuidado possível para com o que realizaremos.
Adentrar um ponto de forças natural, um sítio divino, é adentrar na casa do Pai e da Mãe. Se, você é um filhos relapso, desleixado, desligado, sujará tudo, estragará objetos e dará trabalho desnecessário aos seus Pais. Mas, se você é um filho cuidadoso, meticuloso, com capricho cuidará de tudo e adentrará à casa deles com o máximo de respeito e carinho.
Tudo isto eu escrevi, para dizer que, se temos o amparo da Lei, aqui no Rio, não considerando o material utilizado nas oferendas como lixo, então, nossa responsabilidade, a partir de agora, aumenta em cem por cento.
Sabe por quê?
Exatamente, por que a Lei já determinou que não é lixo. E não seremos nós que o transformaremos nisso, ok?
Teremos, a partir de agora, cuidados redobrados. Arriaremos nossas oferendas, ofertas, agrados, trabalhos e, amparados por nossos orientadores espirituais que, invariavelmente nos acompanham nestes momentos, saberemos o tempo necessário para que o “axé” seja retirado dos elementos e nós possamos, com o mesmo amor, reverência e respeito que arriamos, recolher todo o material, encaminhando-o a um ponto de coleta de lixo.
Isto sim, caríssimos irmãos e irmãs, é cultuar o Divino através da Natureza, com consciência, ecológica e de equilíbrio.
Portanto, já sabemos que nosso ato de cultuar ou praticar nossa fé (sempre soubemos) não se faz com lixo. O município (ao menos aqui no Rio), também já sabe. Então, coloquemos em ação nossa consciência, de quem ama a Natureza e ama a Deus, tratando seus sítios naturais com amor;
Um abraço fraterno à todos!
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Servir aos Orixás- Por André Cozta
Em nossa incansável trilha evolutiva, invariavelmente,
nos deparamos com situações que nos colocam de frente para o lado divino da
Criação.
Por que, seja aqui no mundo material ou no lado
espiritual da vida humana neste planeta por nós chamado Terra, estamos sempre
com nossas “antenas” ligadas para com o Divino.
E, se de lá nós viemos e aqui evoluímos, em verdade,
somos como adolescentes que vão para uma “balada’, com um celular carregado, a
fim de que o Pai e a Mâe conosco mantenham contato.
E nesta balada, que é a nossa caminhada evolutiva humana,
balançamos, caímos, por vezes desligamos o “celular” que nos conecta com a Mãe
e o Pai, mas, quando nos vemos em desespero, imediatamente nos lembramos de
levar a mão ao bolso, puxar o celular, promovendo naquele instante uma chorosa
ligação, pedindo auxílio ao Pai e à Mãe.
Nesta caminhada, nós, os adolescentes, por muitas vezes
rebeldes, acabamos cometendo sempre alguns erros. E é no momento em que nos
vemos em apuros que, olhamos para um lado, para o outro, querendo buscar a
ajuda que nos parece distante, mas, que na verdade, habita nossos íntimos.
Nosso Pai Criador nos dotou de tantos recursos, em nós e
à nossa volta, que, tivéssemos ciência da metade deles, teríamos, finalmente,
encontrado um belo atalho para o retorno ao nosso Lar Divino.
Os Sagrados Orixás são manifestações de Poderes de
Olorum, nosso Pai Maior e Divino Criador. Habitam nossos íntimos, assim como, o
mundo visível ao nosso redor e o invisível também.
Se, são Eles e Elas, os Pais e Mães Orixás, manifestações
do Criador do Todo, a Eles e Elas devemos reverenciar, do mesmo modo que
reverenciamos o Criador Olorum.
E aí é que está a grande questão: como, de fato, nós
reverenciamos nosso Criador?
Percebo, ainda, neste momento decisivo e crucial em que
estamos vivendo no mundo material, cultuadores dos Orixás tratando-os como seus
serviçais.
Pensam que estão à sua disposição, ao seu bel prazer, que
devem ser presenteados por Eles e Elas com o que acham ser do seu merecimento,
como crianças mimadas que, contrariadas, empacam e emburram.
A estas pessoas, se ainda não está claro, é necessário
esclarecer a partir de agora, que, nós, filhos em evolução do Divino Olorum, cá
estamos para progredir. E nós, os filhos em constante aprendizado, é que
devemos servir à Ele, na Umbanda, através dos Sagrados Orixás.
Percebo, em muitos momentos, a falta de hábito de se
ajoelhar para um Orixá, que é em si um Poder manifestado de Deus, uma
Divindade.
O orgulho exacerbado e a não vontade em trilhar o caminho
que leva à humildade, dificulta uma sintonia fina com os Orixás e, por conseqüência,
com o Criador.
Toda a experiência que venho adquirindo na Umbanda ao
longo da vida, além dos ensinamentos que obtenho com os mestres encarnados e
desencarnados, me fazem concluir que, cada vez mais, devemos nos colocar aos
pés dos Orixás, aos pés de Deus.
Por que, assim fazendo, estaremos nos fortalecendo.
O movimento inteligente é encostar a cabeça ao solo, já,
o movimento ignorante é empinar o nariz sentindo-se altivo.
Os guias espirituais, na Umbanda, são manifestadores
destes Mistérios Divinos, que são os Orixás, que são Divindades, que são
Poderes manifestados do Todo, que são Irradiações Divinas que vêm do Alto
abastecendo nosso chacra coronal, assim como são correntes eletromagnéticas,
faixas vibratórias que vêm à nossa frente, abastecendo nosso chacra frontal e todos os nossos chacras.
Assim, percebemos que a Cruz da Vida é o grande
combustível divino, que nos mantém vivos e evoluindo.
Só isso, já é motivo mais do que suficiente para que
ajoelhemos à frente de uma árvore, por exemplo, agradecendo à Deus, ao Divino
Pai Oxossi, por estarmos vivos, ou, à beira do mar, fazendo o mesmo movimento
para Mãe Iemanjá, ou, em uma pedreira, para o Pai Xangô, em uma cachoeira para
a Mãe Oxum, etc.
Estamos num momento do ano em que as pessoas pensam muito
nos presentes de Natal. Então, pergunto: que presente melhor do que se entregar
à um Orixá, neste fim de ano, você pode receber?
Você, em algum momento da sua vida, já se ajoelhou de
forma sincera aos pés de um Orixá?
Sugiro que o faça e, então, sentirá a diferença no fluir
da vida.
E, se você ainda acha que os Orixás são seus serviçais,
por favor, promova uma reflexão íntima e reforme-se, renove-se e retome a
caminhada do início, afinal, como diz meu amado Pai Thomé do Congo: “Humildade
é Sabedoria”.
Um abraço fraterno a todos!
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Culto à Ignorância- Por André Cozta
A sabedoria deve ser, em qualquer setor da vida humana, a
meta a ser atingida. E o conhecimento, a mola propulsora que nos projeta à ela.
Não é possível que, ainda a esta altura do campeonato,
passando por tudo o que temos passado, as lições não tenham sido suficientes para que
a humanidade se convença de que, se a Fé move montanhas e só o Amor constrói,
tão somente o Conhecimento expande.
E isto acontece naturalmente. Conhecimento é expansão,
abertura de portais para novos horizontes na nossa caminhada evolutiva.
Cresci ouvindo dizer que na minha religião, a Umbanda,
não se devia estudar, pois, se aprende tudo na prática.
Em outros setores da vida, também vi e ouvi alguns ranços
para com o estudo, discriminando aqueles que buscam, por intermédio da pesquisa
e dos estudos, o saber evolutivo.
Ora, todos os estudiosos e pesquisadores são curiosos e incansáveis, por que, a cada
descoberta, brotam em suas mentes mais e mais questionamentos. Não fosse assim,
tenha certeza, ainda viveríamos em uma sociedade primitiva em todos os
sentidos.
Àqueles que resistem ao estudo, defendendo única e
exclusivamente a prática, proponho uma reflexão: “Há quem acuse o teórico de
não praticar. Só que, se não houvesse a prática, eles, os pesquisadores, não
teriam o que estudar. E se não houvesse a pesquisa, em muitos casos, a prática
não se sustentaria, pois, sem perspectivas, não cresceria. Portanto, a teoria
não é mais importante do que a prática e vice-versa. Quando há priorização de
uma ou outra, simplesmente, a coisa não
acontece direito. Ambas devem andar de braços dados sempre”.
Na Umbanda, hoje em dia, há (graças à Olorum, nosso Pai!)
um forte movimento em prol do estudo. Cursos de Teologia de Umbanda, Sacerdócio
e outros, brotam pelo país afora.
E isto vem incomodando alguns, que se sentem ameaçados
pelo conhecimento. Outros tantos, não sentindo esta ameaça, ainda não
conseguiram compreender e captar a importância que tem este movimento para
crescimento e continuidade da nossa religião.
Lutar contra o estudo na Umbanda é cultivar e cultuar
(mesmo que não intencionalmente) a ignorância.
Por que, se tudo na Criação de Deus é bipolarizado, não
tem jeito, no polo oposto ao conhecimento está este verbo que descrevi no
parágrafo anterior.
“Meu guia sabe tudo, eu não sei nada”. “Os Orixás e guias
espirituais vão nos intuir, e assim seguiremos com nosso trabalho de caridade.”
Estas ainda são frases comuns, infelizmente, em alguns
lugares onde se pratica a Umbanda.
A estes, com todo o respeito que devo, digo o seguinte:
continuem assim... e morrerão sem saber por que acendem um palito de fósforo durante o
ritual. Continuem assim e, do outro lado da vida, serão levados a núcleos
escolares para uma verdadeira “alfabetização espiritual”.
E ainda serão cobrados, por seus guias e mentores, que
apontarão para o lado de cá, mostrando que, aqui tiveram a oportunidade e não
souberam aproveitar.
É certo que há casos de trabalhos em templos umbandistas
em que alguns guias espirituais atuam como verdadeiros professores, ensinando
muitas coisas aos médiuns, que vão além da ritualística da casa.
Porém, desafio qualquer médium ou dirigente umbandista
agora: pergunte ao seu guia chefe espiritual se ele é contra o estudo teológico
da nossa religião. Mas, purifique seu mental e escute a resposta dele e não a
do seu ego.
Aposto que ele sugerirá que você busque o conhecimento,
transmute-se e acelere o passo no rumo do saber evolutivo.
Não cultivemos nem cultuemos a ignorância. Engrossemos as
fileiras do conhecimento dentro da nossa religião.
Umbanda tem fundamento, é preciso preparar-se.
SARAVÁ!!!!!!!
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Meu Nome é Umbanda- Por André Cozta
Muito prazer, meu nome é Umbanda!
Estou sempre em sua vida, ajustando o que está
desajustado, corrigindo o que deve ser corrigido, curando o que deve ser
curado, desnegativando o que está negativado, desmagiando o que está magiado
pela ignorância que assola a humanidade.
Sou eu quem lhe recebe de braços abertos quando você não
tem mais aonde recorrer. É no meu colo que assenta sua cabeça e chora, à
vontade, até que todas as suas lágrimas rolem levando embora suas angústias.
É nos meus braços que você sorri e compartilha, com seus
irmãos, a alegria de viver em Deus, por que, Ele é a Razão de estarmos todos
aqui, inclusive eu, um caminho colocado por Ele para a sua Evolução e dos seus
irmãos que comigo se afinizam.
Chamo-me Umbanda, e me orgulho muito disso!
Não por considerar meu nome belo e pomposo, mas, por
saber que este nome atrai o Amor de tantos que, a partir de mim, querem
estender suas mãos servindo ao próximo.
E se a máxima deve ser, “ama ao próximo como a ti mesmo”,
apregoada pelo maior Senhor da Fé que a humanidade já conheceu, então, cá estou
para ser o veículo transportador e manifestador deste Amor.
Sou puro Amor, mas também sou Fé Cristalizada e fortalecida,
Conhecimento Expansor de mentes e corações, Justiça Equilibrada e Lei Ordenada
na vida dos seres que sob minha guarda se colocam, sou Evolução Transmutadora e
Estabilizadora da Vida, por que, simplesmente, estimulo a Vida, a Geração, a
Criação o tempo todo e para todos que sob meus braços estão.
Sou apenas isso. Levo a humildade e a caridade a você e á
todos que me procuram.
Sou o templo gigante no coração, simples e humilde na sua
forma, que abarca e abraça todos que sob o Amor Divino, com humildade, se
colocam, como servidores incondicionais da Criação, do Criador do Todo.
Muito prazer, mais uma vez! Chamo-me Umbanda... e você?
quarta-feira, 19 de junho de 2013
O Mago: Seus Elos e Duelos- Por André Cozta
Caminhando, ora sob o sol escaldante, ora sob uma
tempestade, ora sob o céu minado de estrelas de uma noite enluarada, ora
aquecendo-se à frente da fogueira na madrugada fria, ora deitando-se à grama a
fim de curar seus campos vibratórios, ora ingerindo um copo de água para
purificar-se e renascer para o restante da sua jornada, ora elevando um cristal límpido à sua testa, a fim
de se reenergizar e se magnetizar, ora usando da energia das pedras para
restituir-se por completo, ora pisando descalço na terra, para estabilizar-se e
transmutar seu todo espiritual e físico.
Assim o Mago vai criando elos com a Natureza Mãe,
manifestadora dos Poderes do Pai Criador. E a cada ligação estabelecida, a cada
iniciação absorvida em seu íntimo, em cada trabalho contributivo para a
Evolução do Todo, percebe, sutilmente e a cada momento, que não há apenas uma
tarefa a ser executada e que sua função na Criação é estratégica, pois é a de
trabalhar pela manutenção do equilíbrio Nela.
Se estes elos, estas ligações, o dotam de uma
responsabilidade ímpar, então, deve o Mago estar consciente de que a inversão
destas polaridades (trocando em miúdos: das suas responsabilidades), criarão “elos
invertidos”, ligando-o aos polos negativos da Criação.
E, se até então, trabalhava pela manutenção do equilíbrio,
passa, a partir deste momento, a manifestar o vício do desequilíbrio e,
consciencialmente desequilibrado, manterá em si a obsessão em destruir tudo o
que é construído pelo Pai Criador.
Se os elos de um Mago podem e devem ser positivos, não
devemos fechar os olhos para a possibilidade da negativação dos mesmos.
E é neste ponto que ligamos os elos aos duelos externos,
ou seja, à luta diária de um mago para tudo o que, ao seu redor, trabalhará
para desequilibrá-lo, cansá-lo, derrubá-lo e fazê-lo desistir da caminhada. É
neste ponto que, também, ligamos os elos aos duelos internos, pessoais e
íntimos do Mago.
Por que, se há forças externas impeditivas, tentando
incansavelmente e o tempo inteiro suprimir este servidor de Deus, há, também e
inegavelmente, forças internas trabalhando da mesma forma.
Durante sua longa jornada, o Mago teve em si, altos e
baixos. Caminhou sob tempestades, nevascas, mas também sob belas noites
estreladas e sob dias de sol brilhante. E o que parece uma dicotomia, nada mais é do que algo
simples de se definir: “caminho evolutivo”.
A Evolução de um Ser Humano e, por consequência, de um
Mago, deve ser vista com mais naturalidade e menos sensacionalismo, penso eu!
Costumamos alardear e criticar os supostos erros alheios.
Digo “supostos”, por que são sempre ERROS nos outros e pequenas falhas (quando
reconhecidas) em nós.
As quedas conscienciais do ser humano, nada mais são do
que parte do aprendizado, matéria prevista no programa de ensino da Escola da
Vida.
Muitos não compreenderão isto. Podem querer alguns apedrejar-me, até, mas, é preciso que
acordemos para esta realidade, que é a de que todos nós aprendemos e crescemos
com os erros e, fundamentalmente, quando quedamos.
Aposto que se nunca caíssemos, com certeza, nunca
sairíamos do lugar e, com mais certeza ainda, não teríamos chegado onde estamos
agora.
Sim, caros irmãos e irmãs, todos nós já estamos muito distantes do ponto de partida! E ainda estamos bem longe do ponto de chegada!
Fiz esta pequena observação, para que nos coloquemos
todos no mesmo ponto, na mesma condição.
Voltando à caminhada do Mago, posso dizer que minhas
avaliações e estudos têm me levado a concluir que este, como mais um servidor
da Criação (nem mais, nem menos importante do que qualquer outra função serva
de Deus), está talhado com as intemperes, com os erros, mas também está
preparado (e preparando-se constantemente), para estender a mão a qualquer
irmão, ou grupos de irmãos, auxiliando no seu reequilíbrio, quando necessário e
contribuindo para seu redirecionamento na caminhada.
Mago não é aquele que aprende algumas fórmulas mágicas ou
a manipular elementos. E sim é aquele
que se entrega, de braços abertos, à Deus, à Mãe Natureza, às Divindades
Manifestadoras do Todo e aos Mestres condutores e guias das jornadas
evolutivas.
É aquele que, quando se entrega, abdica de prazeres e
ilusões, pondo-se aos pés do Criador, como seu servo. É aquele que passa pelas
iniciações e, a cada uma, sente visivelmente em si, que subiu mais um degrau na
escada evolutiva.
Os elos de um Mago
podem, como já citei, fazê-lo duelar contra agentes externos ou internos,
impeditivos da sua caminhada. Mas também podem ser Elos com o Alto que o
fortalecerão para o duelo contra tudo e todos que se opõem a Ele, o nosso Pai Criador.
E que nós, Magos amparados pela Magia Divina, atinjamos este
grau citado no parágrafo anterior.
Que reflitamos sempre, o tempo inteiro, acerca da nossa
missão e função. E que nos perguntemos, constantemente: “O que quer de mim, o
meu Criador?”
Que Deus abençoe a todos!
domingo, 5 de maio de 2013
O Mundo de Zezinho- Por André Cozta
Zezinho prosseguia em sua caminhada no plano material da
vida humana esforçando-se para evoluir mais a cada dia.
Não abria mão do cumprimento da sua missão, ora como
médium umbandista, ora como Mago servidor da Criação através dos graus da Magia
Divina em que era ordenado.
E isso o nutria de uma satisfação inenarrável,
indescritível e indefinível.
Certo dia, pensava
em tudo que o cercava e percebeu que encontrava respostas e soluções para
questões aos quais julgava necessitarem de um certo “realinhamento” ou
“reajuste”.
Então, notou que estava se tornando um exímio julgador.
Tinha em si soluções para tudo e para todos. Nas conversas com seus irmãos no
terreiro e nas lidas da magia, possuía sempre uma resposta afiada, na ponta da
língua, para qualquer questão.
Vinha à tona ali, um médium e mago julgador, punidor e
executor.
Como uma de suas mais latentes virtudes (talvez a mais
latente de todas), era a observação (inclusive a auto-observação), começou a
perceber em si próprio que estava deixando-se tomar pela vaidade e que seu ego
começara a direcionar seus passos.
Preocupadíssimo, tratou de encaminhar-se a uma cachoeira,
ambiente ao qual sempre recorria para reenergizar-se.
Lá chegando, sentou-se à mesma pedra, como já era seu hábito naquele ponto de forças da Natureza. Pôs-se a
refletir.
Ali, sentando, pensando e se auto avaliando, passou a
perceber que sua paciência e tolerância para com seus irmãos, antes era bem
maior, e que estava se tornando um ser impaciente, intolerante e implacável nos
seus julgamentos.
Concluiu que, se
avançava a passos largos na compreensão das coisas de Deus e da Criação,
se os seus estudos o levavam à plagas mais distantes, muitas ainda não
imaginadas por alguns daqueles com os quais convivia, possuía esta outorga
divina justamente para que, sempre voltasse, estendesse as mãos aos
semelhantes, conduzindo todo aquele que se dispusesse de coração a conhecer
novos horizontes, ou seja, aqueles caminhos que nos conduzem às Divindades, que
nos levam de volta ao nosso caloroso, amável, “Colo Ancestral”.
Se assim era a Vontade Maior, não poderia ele, Zezinho,
acelerar o passo e seguir em frente sem olhar para trás, como um “envenenado” carro de Fórmula 1. Por que,
assim agindo, invariavelmente, em alguma curva, poderia encontrar um “trágico”
paralisador do seu equívoco.
Mergulhou naquelas águas límpidas e cheias de Amor.
Reenergizou-se na cachoeira. Ficou
naquele ambiente por horas incontáveis, saindo somente quando a noite
avizinhava-se.
Já em casa, naquela noite, foi à janela do seu quarto e
ficou fitando a Lua e as Estrelas.
Viu, naquele momento, o quão ele, Zezinho, era minúsculo em
meio ao Todo, porém, não menos fundamental para a Criação do que qualquer
estrela, satélite, planeta, dimensão, plano, ser ou criatura dela. Todos,
concluía, protagonizavam coletivamente um “filme” que mostrava belíssimas cenas
e que tornavam ainda mais bela a composição e evolução do Todo.
Pode compreender, a partir daquele instante que, quanto
mais aprendia, mais a aprender tinha. E que um grande erro cometido por ele,
até ali, era o de passar a enxergar o mundo a partir de si.
Passou, a partir de então, a ver-se no Todo, não mais
vendo-O a partir de si. E, respeitando as diferenças, caminhou mais leve e mais
sorridente.
Por isso, Zezinho, hoje, Mago e Médium Umbandista, recebe
a todos com um sincero sorriso no rosto, especialmente, àqueles que o procuram
com lágrimas nos olhos e mágoas no coração.
Zezinho destruiu o mundo que criava em seu íntimo, que o
fazia ver tudo a partir dos seus julgamentos e colocou-se dentro do mundo real,
onde é mais um filho do Criador que serve a Ele sem pesos no coração e na alma.
terça-feira, 9 de abril de 2013
RELATOS UMBANDISTAS- Lançamento Madras Editora- Por André Cozta
Estou lançando o primeiro dos meus 3 livros que serão publicados pela Madras Editora.
"Relatos Umbandistas" é uma obra simples, como simples é a Umbanda, e que, através desta característica fundamental, contém em seu teor alguns ensinamentos, provocando reflexão naqueles que a ela chegarem, especialmente, os umbandistas.
O Preto Velho Pai Thomé do Congo traz a nós, através deste compêndio, depoimentos de 7 médiuns umbandistas desencarnados, relatando suas experiências, todas passadas no Brasil em meados do Século XX.
Avaliam seus erros e acertos e, principalmente, buscam alertar os médiuns e praticantes de Umbanda encarnados neste momento para questões como o conhecimento e o estudo dentro da religião umbandista, a humildade, a vaidade.
O prefácio desta obra é assinado pelo Mestre Alexandre Cumino.
Colocamos, humildemente, este livro à disposição daqueles que se interessarem pelo assunto, podendo adquiri-lo nas melhores livrarias.
Também podem entrar em contato conosco através deste email ou do endereço umbandaemagia@gmail.com.
Que a Paz do Divino Pai Oxalá esteja com todos!
Abraços Fraternos;
André Cozta
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Umbanda: Magia Pela Fé- Por André Cozta
Segundo o Mestre Rubens Saraceni, as Divindades que atuam
nas religiões, o fazem a partir da Fé, o primeiro Sentido da Vida, enquanto as
que atuam na magia, o fazem a partir da Evolução, o sexto Sentido da Vida.
Por vias diferentes, buscam a mesma finalidade, que é a
de nos direcionar em nossa caminhada evolutiva para o destino que nos foi
designado por Deus.
Parece simples e simples é, até que nós, os humanos,
coloquemos nossas “abençoadas” mãos nas situações e comecemos a desvirtuar todo
um plano divino, onde fomos colocados como “pontas” fundamentais para a ligação
deste planejamento maior com o mundo material onde vivemos.
Mas, como nem tudo é tragédia (graças à Deus!), há também
muitos e bons casos de pessoas que estão seguindo à risca o plano divino, ou
seja, trazendo ao plano material o que foi designado pelo Alto, a partir do
nosso Criador Amado, passou por suas Divindades Manifestadoras de Poderes (os
Sagrados Orixás), foi entregue aos
Mestres e Guias da Luz e incumbido a nós, os encarnados, que recebemos como
missão a disseminação do Verbo Divino aqui no plano material.
E, neste momento, passo a falar especificamente aos
umbandistas.
Sabemos que toda e qualquer religião faz parte do Plano
Maior de Deus. Cada uma tem uma função específica aqui no plano material, mas,
todas, são “atalhos” evolutivos para que nos religuemos à Ele.
A nossa Sagrada e Amada Umbanda não é diferente, portanto, nem melhor, nem
pior do que qualquer outra religião estabelecida no plano material da vida humana.
Mas tem suas próprias características. E isto a torna
única, assim como as outras.
Não devemos confundir as influências desta religião que
ainda engatinha na história da humanidade com identidade.
Se você, por exemplo, carrega semelhanças em traços
físicos com seu pai ou sua mãe, isto não significa que deverá, então, ter o
mesmo número de identidade, CPF, título de eleitor de um deles, não é mesmo?
Então, trazendo isto para a nossa realidade religiosa,
devemos concluir que, se a Umbanda teve as suas influências (como todas as
outras religiões estabelecidas atualmente no mundo as tiveram), por outro lado,
teve e tem suas próprias características, seus preceitos, ritos, gênese,
teologia, teogonia e cosmogonia.
A Umbanda é uma religião mágica por essência e natureza.
Por que movimenta em suas práticas e ritualísticas os Mistérios Divinos, as
essências que formam a Natureza Mãe e por que cultua as Divinas Hierarquias
Naturais pontificadas pelos nossos amados e amadas Pais e Mães Orixás.
Tudo isso eu escrevi até aqui, para dizer que na Umbanda,
religiosidade, fé e magia, se amalgamam num único ritual.
E o ser que adentra um templo umbandista, numa realidade
urbana, se sentirá num ponto de forças da natureza.
Por que assim é nossa religião. Se, as religiões como
citei no início deste texto, atuam em nossas vidas pelo Sentido da Fé, o
primeiro, e a Magia atua pelo Sentido da Evolução, o sexto, ouso dizer neste
meu comentário, que a Umbanda combina isso tudo, fazendo as duas coisas ao
mesmo tempo.
A Sagrada Religião Umbandista une Fé, Amor, Conhecimento,
Justiça, Lei, Evolução e Geração, a partir da Fé, Transmutando os seres pela
Evolução.
A Religião de Umbanda Sagrada é Magia pela Fé e é Fé pela
Magia.
Sem Fé não damos o primeiro passo em nada em nossas
vidas. E a magia umbandista é o recurso divino colocado à disposição dos fieis,
adeptos e simpatizantes dessa religião para que se purifiquem, equilibrem e
caminhem com as suas próprias pernas.
Se você procura um templo umbandista a fim de tê-lo como
muleta, de que ele resolva seus problemas, aconselho a dar meia volta e nem
adentrá-lo.
Mas se você procura um templo umbandista a fim de
encontrar a força que habita seu íntimo, a Essência Divina que o move e, muitas
vezes, não consegue perceber, então, adentre-o e seja bem vindo.
Magia pela Fé, ou, Magia Branca, como muitos costumam
definir, deve ser única e somente um recurso estimulador para que os seres
caminhem por si só. Deve purificar, equilibrar, ordenar e abrir caminhos.
Nunca deve interferir no livre arbítrio de quem quer que
seja.
Por que a Umbanda, assim como toda a religião, é um
recurso da Lei Divina. Aqui, no plano material, se um agente ou instituição
ligado à lei humana corromper-se, atuar contra a lei, estará pulando para o
lado criminoso da sociedade, não é mesmo?
Pois bem, todo o templo religioso que infringe ou agride
à Lei Divina, está passando para o lado contrário à ela. Estaremos, neste caso,
diante de um exemplo de corrupção espiritual ou religiosa, como queira definir.
Conversas que tive, nos últimos tempos e recentemente,
com algumas pessoas, me moveram a escrever este texto.
Há, infelizmente, por aí, ambientes de práticas dúbias e
duvidosas, usando o nome da Umbanda para atrair pessoas.
Parafraseando meu Mestre em Teologia, Alexandre Cumino:
“Umbanda é religião, por isso só pratica o bem”.
Colocar à frente de uma casa o nome da Umbanda ou de
qualquer outra religião é bem fácil.
Porém, não tão fácil assim, é ter o amparo dos Senhores
Mentores, Orientadores da religião umbandista, que são Senhores Mestres da Luz,
tampouco dos Senhores Maiores desta religião, os Sagrados Orixás.
Meu intuito com este texto é provocar em você uma
profunda reflexão.
Como você tem lidado com a Umbanda? Como a pratica? Como
tem sido a sua doação à Deus através da Umbanda?
Sugiro que busque sempre informações, estude, pois, como
escrevi em outra oportunidade, devemos estudar a Umbanda a partir da observação
profunda de tudo o que vemos nos rituais, amparados sempre pelas obras trazidas
ao plano material pelos Mestres Dirigentes da nossa religião no astral.
Reflita... e nunca se esqueça que Umbanda é Magia pela
Fé, através da Fé, a partir da Fé, para que trilhemos de forma pura os Caminhos
da Evolução.
Saravá
Umbanda!!!!!!!
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Estudo na Umbanda- Por André Cozta
Invariavelmente, vemos e ouvimos experientes médiuns e dirigentes espirituais umbandistas
(e sempre se orgulham disso) declararem que em seus trabalhos não utilizam-se
do fumo (cigarros, charutos ou cachimbos) e/ou da bebida alcoólica.
Argumentam que estão “doutrinando” seus guias. Ou seja, o
próprio umbandista corrobora para a tese preconceituosa de que, na nossa
religião, os espíritos são atrasados.
Deixo aqui uma declaração pessoal para que você reflita:
eu, André Cozta, tivesse em algum momento, em todos esses anos, percebido um
arremedo de atraso que fosse, por parte dos guias espirituais umbandistas, com
certeza, já não estaria mais praticando esta religião que me foi dada no berço.
Fiz esta colocação nos três primeiros parágrafos deste
texto, exatamente a fim de introduzir o que pretendo abordar nele: o estudo na
Umbanda.
Por que, neste primeiro século de existência da nossa
religião, não foram poucos os lugares e momentos em que se apregoou o
anti-estudo, alegando-se sempre que na prática tudo aprendemos.
Ora, se eu não tivesse aprendido a datilografar aos meus
14, 15 anos, aproximadamente, levaria, com certeza, uma hora ou perto disso
para digitar este texto, o que faço, normalmente em, no máximo, quinze minutos.
Se eu não tivesse sido alfabetizado na tenra idade, como poderia aprender a
digitar, ao menos (mesmo sem cursar datilografia), sem base alguma?
Pois bem, ao longo destas minhas pouco mais de quatro
décadas de vida, infelizmente, tenho visto muito disso na Umbanda. A pregação
de que a prática ensina tudo. Só que, a prática sem embasamento algum, acaba distorcendo
muitas coisas dentro da lida religiosa, se não todas.
Vamos parar para refletir um pouco: se eu, médium
umbandista, pego um cigarro que me foi intuído pelo meu Malandro, mais a
cerveja e vou para o trabalho inseguro, pouco ou nada sabendo para que aquilo
serve, como deverá trabalhar o meu guia? Bloqueado, travado, com certeza!
Porém, se eu souber, por exemplo, que o elemento fumo é
estabilizador, transmutador, que está sob a irradiação da Evolução (Pai
Obaluayê), que é um elemento terra-água, que, ao manipulá-lo, o guia, além de
estar “defumando” o consulente, a mim mesmo e ao ambiente, está manipulando
cinco dos sete elementos: vegetal (expansor), terra (transmutadora,
estabilizadora), água (vivificadora, purificadora, mobilizadora) ar (ordenador
e direcionador) e fogo (equilibrador, consumidor de negativismos, energizador e
purificador)... como fluirá o trabalho do guia? Solto, leve e cumprirá suas
devidas funções naquele tratamento.
O princípio básico de estudos na Umbanda deve ser, na
minha modesta opinião, a observação. Como deve ser no estudo de qualquer
ciência (a Umbanda assim é, bem como todas as religiões, que manifestam de
alguma forma, a Ciência Maior, que é a Ciência Divina).
Observar, analisar, avaliar, anotar (no papel ou
mentalmente) os movimentos e seus resultados.
Aliado a este movimento prático, fundamental e necessário
em qualquer estudo, o umbandista deve buscar o conhecimento através dos livros
já colocados à nossa disposição aqui no plano material pelos Mestres Dirigentes
do Ritual de Umbanda Sagrada.
Assim, perceberá, em pouco tempo, um salto de qualidade,
tanto no seu conhecimento acerca da religião, já expandido, como na sua
prática, na manifestação dos seus guias espirituais.
Umbanda não é “fenomenologia”, é uma religião por que nos
religa a Deus Pai através da Natureza Mãe e de suas Divinas Hierarquias (os
Sagrados Orixás). E também é uma Ciência, por que nos mostra, o tempo todo, a
partir da sua simplicidade, que simples é a Criação, manifestada matematicamente
na Ciência Criadora de Deus Pai.
Portanto, neste texto breve, simples e escrito com o
coração, quero propor a todos os irmãos e irmãs umbandistas, que ainda não
acessaram a chave do conhecimento da nossa religião, que repensem sobre isso,
se repensem e, através do estudo, recomecem suas caminhadas.
E que o Divino Pai Oxalá, assim como todos os Sagrados
Orixás, vos iluminem sempre!
SARAVÁ!!!!!!!
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