terça-feira, 4 de setembro de 2012

A Umbanda No Seu Meio Ambiente- Por André Cozta




O  ambiente mais íntimo e mais próximo da sua essência é o seu quarto.
É este o local onde você fica mais à vontade, despindo-se de todos os medos e pudores que o acometem no dia a dia.
Mas sua intimidade vai estendendo-se, aos poucos. Ela passa pela sua casa, em seguida por sua rua, bairro, cidade...
Nossas formas de pensar e agir têm, todas, sem exceção, origem na nossa intimidade. E se somos o que somos, tudo se origina no nosso  “útero diário”, de onde saímos quando acordamos  e voltamos ao fim do dia para dormir.
O que cremos, queremos e pensamos quando estamos a sós, em nossos quartos, é, invariavelmente, o que demonstramos no mundo exterior, mesmo que com algumas capas ou máscaras. Por que a essência das nossas ideias e atitudes sempre estarão  “carimbadas” em nossos olhos.
Introduzo este pensamento desta forma, com o intuito de iniciar uma reflexão acerca do trato que todos nós, umbandistas, temos para com a Natureza Mãe.
A Umbanda é, inegavelmente, uma religião que cultua Deus a partir da Natureza e das Divindades manifestadoras dos Divinos Poderes que Nela estão: os Sagrados Orixás.
Por que, caso alguém ainda não tenha percebido, todos os Poderes do Criador estão à nossa disposição na Natureza. Basta  observarmos  o uso de elementos naturais no ritual de Umbanda, além do hábito de ofertar  em sítios naturais, numa ritualística popularmente conhecida como “Oferenda”.
E é justamente na prática desta ritualística que temos visto grandes contradições no meio umbandista.
Se, cultuamos Deus e os Orixás Sagrados a partir da Natureza Mâe, precisamos ter sempre, todo um cuidado quando Nela adentrarmos para a realização dos nossos trabalhos.
Não somos donos da Natureza, apenas seus beneficiários. Ela está sim à nossa disposição, por que, assim foi colocada por Deus.  Mas, estar à disposição não significa que devamos fazer o que bem entendemos, sujando-a, não cuidando do ambiente e não recolhendo o material usado ao final.
Agora, volto à intimidade do seu quarto e pergunto: você age assim na sua casa, no seu ambiente mais íntimo?
Adentrar  em um sítio natural para a realização de um trabalho, ou de uma oferenda, deve sempre ser um ato de muito respeito para com o ambiente. Respeito este que se traduz como “eu respeito a Umbanda, os guias espirituais, os Sagrados Orixás, a Mãe Natureza e a Deus”.
Agindo assim, teremos os seres naturais guardiões daquele ambiente, assim como as divindades que o guardam e regem, retribuindo este respeito a nós, ou seja, “respeitemos e seremos respeitados”.
Esta é uma regra básica da vida. Ponha-se a pensar e, se por um acaso, precisar, mude sua atitude no trato para com o meio ambiente e sua relação com os elementos naturais na sua prática religiosa.
Porém, o meio ambiente não deve ser respeitado somente quando adentramos um sítio natural para algum trabalho ou oferenda, mas, também, quando a ele vamos com outras intenções. Então, se você vai à praia, por exemplo, irmão(a) umbandista, não deixe de saudar a Divina Iemanjá.
Além dos sítios naturais, independente da intenção, o meio ambiente acompanha o praticante de Umbanda o tempo todo.
E isto se torna óbvio quando conseguimos visualizar à nossa volta toda a energia que nos acompanha, protege, ampara  e sustenta. Veja: você tem os seus Orixás (divindades naturais), seres naturais (oriundos da Natureza Mãe) que o acompanham, protegem e guiam, guias espirituais religados à estas hierarquias naturais (ou seja, sob as irradiações dos Orixás Divinos e da Mãe Natureza). Então, você carrega uma parte da natureza consigo. E se costumamos afirmar que temos Deus em nós, eis a comprovação.
Carregando a natureza  em si, desta forma, deve ter a consciência de que também é um guardião dela.
Espantou-se? Não é para tanto!
Pare, respire fundo e pense: Deus nos incumbiu de algumas tarefas, muitas das quais nem temos noção, por estarmos ainda, infelizmente, com nossos olhos voltados para o reino das ilusões que nos encanta aqui no plano material.
Mas, agora, já visualizando o que propus e com muito discernimento, você já consegue entender:  somos parte da Natureza. Então, matá-la, como tem sido feito por nós ao longo dos tempos, é um suicídio individual e coletivo também.
Você pode argumentar que nunca destruiu um pedaço sequer da Natureza. E eu acredito.
Mas, por outro lado, como você lida com o lixo produzido na sua casa?
Saiba que o lixo acumulado de forma irresponsável também desequilibra o meio ambiente.
E  desequilibrá-lo lá fora, tenha certeza, refletirá naturalmente no seu ambiente mais íntimo.
Haverá um tempo em que seu quarto será inabitável. Por que todo o plano material da vida humana assim será.
Toda a semente plantada um dia é colhida. E o ser humano tem plantado, em nome da ganância e do egoísmo, ao longo dos tempos, esta semente daninha e suicida.
Portanto, reflita muito sobre isto, irmão(a) umbandista, pois, nossa religião que é linda, exuberante, só é assim por que reflete o que lhe anima, que é o culto à Natureza, a mais bela representação Divina. E, assim sendo, devemos fazer do todo à nossa volta, desde o nosso “cantinho” mais íntimo, o nosso meio ambiente, o nosso pedaço da Natureza. E  assim, do interior para o exterior, começaremos a limpar o nosso mundo.
A Umbanda é o seu meio ambiente. Pratique-a de dentro para fora.

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