sábado, 13 de fevereiro de 2010

CARNAVAL

KAWO KABIECILE!!!!

Viva o Carnaval, a festa mais esperada pelos brasileiros!
Eu não sou daqueles (apesar de preferir usar este período do ano para recolher-me) que vocifera contra a maior festa popular do mundo. Ao contrário, sou um incentivador, um admirador da cultura popular e acho que o Carnaval não deve sair do calendário de eventos do nosso país. Espero que continue sendo cada vez mais uma festa linda, que leve e mostre ao mundo a alegria de nosso povo (sem, é claro, os excessos que são cometidos por algumas pessoas).
Mas, estava a pensar cá com meus botões e resolvi dividir com você, leitor deste Blog de Xangô Aganju, uma pulga que não sai de trás de minha orelha. Relendo um texto do Blog "Até quando o motor aguenta", de minha amiga Mary Gaspari-www.atequandoomotoraguenta.blogspot.com-, intitulado "Aaaah, o Natal..." chamou-me a atenção o seguinte trecho: "E o que dizer daquele que é o mais esperado do ano? O belíssimo, magnífico: espírito natalino! Bem, o famoso espírito natalino é um caboclo canastrão que teima em baixar em meio mundo no Natal. Do alcóolatra que fica um dia sem bater na mulher ao mega empresário que destina 0,001% da renda das vendas da sua comida gordurosa às criancinhas com câncer. Todo o mundo ocidental é acometido por essa entidade, que desaparece com a mesma rapidez que surge."
Relendo este texto, especialmente este trecho, concluí que no Carnaval ocorre algo muito semelhante. Você pode sair (especialmente aqui no Rio, onde vivo) em qualquer bloco e ver entre turistas e foliões cariocas, uma mistura impressionante. Ricos e pobres. patricinhas e mendigos até, pulando e cantando, dividindo a mesma alegria.
Ora, já ouvi muita "gente boa" (pessoas espiritualizadas e frequentadoras de Umbanda e Espiritismo) dizendo, em tom de desabafo até, que seria tão bom se fechassem o túnel, parassem o metrô nos finais de semana, para dificultar o acesso às praias da orla da zona sul da cidade por pessoas oriundas do subúrbio carioca. Principalmente, as pessoas de pele preta, obviamente! Ou você tem alguma dúvida?
E, de repente, eis que me deparo com uma dessas pessoas, em pleno Carnaval, em um bloco em Santa Tereza, beijando na boca de uma pessoa de pele preta, oriunda de uma favela da zona norte.
Será que o Carnaval provoca uma espécie de amnésia? Ou uma espécie de daltonismo, onde essas pessoas passam a ver alguma cor que não a preta em tudo e todos? Ou será que o Espírito Carnavalesco faz com que, durante quatro dias, o preconceito suma do coração dessas pessoas?
Por que essa integração de amor e de respeito ao próximo não acontece durante o ano todo? Por que não fazemos da vida um constante Carnaval (ao menos no quesito "adeus preconceito")?
Talvez você esteja agora chamando-me de utópico. Mas, eu prefiro achar que a utopia é o primeiro passo para conquistarmos um objetivo, realizarmos um sonho. Então, que assim seja, com utopia.
Desejo um Carnaval cheio de alegria e com muito amor no coração acima de tudo.

SARAVÁ!!!!

Um comentário:

  1. Acho que o carnaval é o solo fértil para brotar a prima do "espírito natalido", aquela que é tão festejada nesse país, muito mais do que vivenciada, a "democracia racial". Só que aqui, ela aparece de forma folclórica, "pra inglês ver". Afinal, faz parte do showzinho do carioca, fingir que não existe racismo na terra do samba.

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