terça-feira, 24 de novembro de 2009

SOBRE TV E CONSCIÊNCIA- *Por Joyce Nahoum

Queria escrever mais para o blog, mas tenho treinado pouco o auto controle para governar o externo. rs
Queria dividir com vocês minhas agonias mais vezes.
Hoje mesmo, foi um dia de agonias.
Bom, já que comecei, vou adiante. Se quiser, pode postar o que vem a seguir.
Eu fico boba de ver como a caixinha quadrada que emite imagens e sons é um meio de disseminar opiniões obscuras, se assim posso dizer.
E como os programas são "comprometidos" com a diversidade, com os problemas sociais, com as minorias...
Estava me arrumando para sair e liguei a TV para fazer barulho na casa. Assisto pouco a TV, e a cada dia tenho menos prazer em fazer isso.
Passava a reprise do programa "Na Rua" da MTV que foi ao ar na 6a feira, feriado de Zumbi, ou melhor, da consciência negra.
Foi um festival de besteiras ditas pela juventude paulistana (o programa vai ao ar ao vivo, gravado nas ruas de São Paulo), e apoiado pela apresentadora.
Logo a MTV, uma emissora moderninha, com a cara da juventude e com a adesão da juventude, o que é pior. Através do entretenimento, milhares de jovens caem na rede e viram peixe, consomem, se vêem representados, pensam que têm voz e acabam reproduzindo discursos infundados e por vezes perigosos.
Para exemplo de que a coisa é tendenciosa, começaram o programa falando sobre gravidez na adolescência, dando fala à váááárias adolescentes mães e não-mães-ainda, que falaram sobre o que fariam ou o que fizeram quando descobriram a gravidez, e apenas 1 (um) rapaz que por sinal, foi bastante feliz em sua colocação. Podendo-se tirar como uma raridade no exemplo de responsabilidade masculina na criação da "prole surpresa", quando Murph entra em ação e "acontece o que pode acontecer com a sua vizinha, mas não com você".

Se pregamos uma sociedade menos machista, precisamos treinar discursos menos unilaterais. A mulher, a mãe, é sempre responsabilizada. Vejo isso de perto, na minha família.

E se a camisinha furou, coitado do rapaz... Já cumpriu a obrigação de usar camisinha, e o que mais vocês querem?

Bom, depois de começar, assim, como quem não quer nada um programa no dia da consciência negra, foi veiculada uma propaganda de uma Universidade particular, com muitas vagas e condições especialíssimas de pagamento. “Depois não vai dizer que não teve oportunidade!” – palavras da apresentadora...

E em seguida, vejam que coincidência! “Próóóóóximo assunto: cotas!” (num gritinho histérico e desnecessário) Não só nas universidades, mas na TV e agora também até nas empresas (essa eu não sabia ainda).

Ai, me desanima lembrar...

Se me lembro bem, acho que nenhum entrevistado era a favor. Até porque expressar uma opinião divergente da hegemônica é típico da juventude, transgressora na melhor das interpretações... (acho que já foi época).

E os argumentos bailavam entre o senso-comum e a falta de bom-senso.

De “os negros são tão capazes quanto todos os outros” até “todos têm as mesmas oportunidades”. Chega a doer os ouvidos... Ó, meu pai! Viva a democracia! Não sei como a Prefeitura ainda não criou o programa “oportunidade para todos”.

E por fim! O auge do programa, o ponto alto! Dia da consciência negra. A essa altura eu já não esperava mais nada de positivo mesmo... Os comentários descambaram para pior.

“Um dia só para os negros, é preconceito!” (Só para pegar leve, tinham piores) A apresentadora: “É, assim como o dia das mulheres, né?!”

Ô povo reacionário. Deviam parar de ver clipe, acho que fazem mal à visão.

Um comentário:

  1. Cheguei aqui pelo twitter, Jose Junior Afroreggae mandou sua última postagem, enfim...
    Eu sou de São Paulo gata e isso foi só um fragmento de tudo que ouvimos por aqui, sabe que um jovem consciente não iria na gravação desse programa, um erro, assim com um jovem consciente daria um bom discurso, sabe que toda essa consciencia aqui em São Paulo fica concentrada e precisamos pulverizar nossas ideias...Você quer ficar ainda mais brava? Assista aos programas da Record, como por exemplo, Fala que eu te escuto....ai sim, vc vai ver o crime com voz, microfone e audiência.

    Prazer...Viviane Oliveira
    www.twitter.com/viviaxebahia

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