segunda-feira, 31 de agosto de 2009

N-E-G-R-O

KAWO KABIECILE!!!!

Após um período sem passar por aqui (por conta de compromissos profissionais), estamos de volta para deixar neste blog mais um texto opinativo no que tange à questão racial.
No último final de semana, como todos já devem saber, ocorreu aqui no Rio de Janeiro, o evento Back2Black Festival. Com uma programação sensacional, entre shows e debates, participaram deste evento, entre outros: Gilberto Gil. Dona Ivone Lara e Omara Portuondo.
Como citei anteriormente, a idéia deste evento foi, é e sempre será maravilhosa, mas, há duas questões que me incomodaram e eu não poderia, em hipótese alguma, trair minha consciência deixando de registrá-las:
1- Os preços dos ingressos para este evento foram mais do que salgados. Se este foi um evento que ressaltou a África como berço da civilização, por que os "donos do evento" foram excluídos com este valor de ingresso? Afinal, todos sabemos que os negros em sua grande maioria, são pobres e não possuem condições financeiras para comprar ingresso para um dos dias de um evento a este preço, quanto mais para os três dias em que o festival ocorreu.
2- Vi pela cidade, em vários mobiliários urbanos espalhados pelos pontos de ônibus da zona sul e da área central, o slogan "VENHA SER BLACK POR 3 DIAS".
Não posso deixar de registrar que o termo BLACK me incomodou bastante. Por que não, NEGRO? Vamos soletrar? Então, vamos lá: N-E-G-R-O. Viu? Nâo dói e nem mata ninguém.
Além disso, "ser black por 3 dias". Será que este foi um evento de cultura negra voltado para brancos (ou pelo menos, tendo estes como público alvo)? Por que, black ou negro, não se é por 3 dias. Uma pessoa nasce, cresce e morre nesta ou em qualquer outra condição de cor em que venha à vida.
Então, surge outro questionamento: alguém quereria ser NEGRO por 3 dias? Afinal, não é muito difícil querer ser black, dançar, ir às festas, ao hip-hop da FEBARJ na sexta-feira, ao Viaduto de Madureira ou ao Tangará.
Muita gente quer ser black. Querer ser black é querer ser o Tim Maia, o James Brown, o Bob Marley ou o Michael Jackson. Ser negro, é ser a empregada doméstica, o frentista do posto de gasolina, o faxineiro da empresa ou o escravo da novela das seis. Quem quer ser NEGRO?
Eis o questionamento.

SARAVÁ!!!!

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