terça-feira, 23 de agosto de 2011



Saravá a todos os irmãos leitores deste Blog! Reproduzimos abaixo, um texto de autoria de Alexandre Cumino que compõe o material de apoio do curso virtual Teologia de Umbanda Sagrada, ministrado pelo próprio Alexandre Cumino, através da plataforma UMBANDA EAD do Instituto Cultural Aruanda- www.ica.org.br-. Boa leitura!

QUEM É ORIXÁ EXU- Por Alexandre Cumino




A origem cultural do Orixá Exu está na África de cultura Nagô-yorubá, sem, no entanto dispensar a influência da cultura Gêge-fon de Elegbara.
Essa cultura africana é muito diferente da cultura europeia de base judaico-cristã, os limites entre sagrado e profano ocupam espaço diferente e a realidade é compreendida numa dimensão menos racionalizadora de nossos sentidos. Todo o mundo ocidental bebeu na influência do Iluminismo, Positivismo e Racionalismo. Quando falamos em cultura africana, falamos de um povo que tem a consciência de que a razão não dá conta de explicar o todo que está a nossa volta; dentro, fora e além do ser em suas realidades imanentes e transcendentes.
Exu ironiza a vida, ri da desgraça, dança sobre o fogo e domina a ilusão, principalmente aquela que nos envolve pelo ego, materialismo e vaidade. Ele domina todos os sentidos do apego, conhece nossas vaidades e vícios. Talvez por isso seja considerado o mais humano dos orixás e passa a ser o mais “temido”, pois quando Exu se mostra “igual a nós” ele nos assusta, simplesmente porque quer nos mostrar a dualidade humana, que hora nos leva para a luz e hora nos puxa para as trevas. Céu e Inferno, tudo ao mesmo tempo em nossa mente, o maior juiz, Exu joga e brinca com todos esses valores, e por isso ele assusta uns e faz temer a outros, no entanto, é tão Orixá quanto Oxalá, e as lendas mostram o quanto ele pode ser amigo, fiel, querido e até servo (mas não serviçal), pois é também senhor da magia, dos caminhos, das encruzilhadas, das portas e passagens, é quem permite a comunicação. E também é bem como mal, tanto amigo quanto inimigo, luz e trevas, Céu e Inferno.
A dualidade do Orixá Exu é como espelho refletindo a dualidade humana, sempre bom para quem é bom, mau para quem é mau, inimigo de quem é inimigo do sagrado.
Orixá Exu é o primeiro a ser saudado, logo, quem não saúda Orixá Exu não está saudando ninguém, numa cultura em que a religião é exclusivamente de Orixá, quem não está com Orixá Exu está desamparado, quem não tem respeito por Orixá Exu não tem respeito por ninguém, quem não reverencia Orixá Exu não reverencia o Sagrado, e aí chegamos ao conceito de que: “se você não saúda ou não oferenda Exu, ele te prejudica”. É uma forma de fazer compreender que Orixá Exu é Primordial, Essencial, Principal, Primeiro, e quem não está com Orixá Exu está sozinho e, sozinho, está por conta própria.
Porque Orixá Exu é “inimigo” do “inimigo” da fé (e não do homem), Exu é “contrário” àquele que está “contrário” à tradição (e não da vaidade), pois quem vai contra todos os valores milenares de sua tradição passa a ser uma ameaça ao que gerações e mais gerações lutaram para preservar. Aqui Orixá Exu atua como “instinto de preservação”, atendendo ao clamor de vozes ancestrais por proteção de sua cultura, povo e valores. Força, poder, vigor e fertilidade são alguns dos atributos que se vê e busca em Orixá Exu, é o que isso representa em sua origem cultural e para as outras culturas que hoje reinterpretam estes mesmos atributos em outro contexto.
Evocado e invocado pelos sentimentos mais nobres de uma tradição que busca sobreviver, Orixá Exu renova-se e recicla-se nos encontros e desencontros culturais de um País Miscigenado, de uma cultura heterogênea, na qual igual é ser diferente. Negro, Branco e Vermelho são as cores de base desse povo. Preto, Vermelho e Branco são as cores que Orixá Exu assumiu para si.
Quem nasce no seio da cultura de Exu (nagô-yorubá) e o respeita demonstra respeito por seus ancestrais e por todos os valores da terra. Exu é guardião desta terra, destes valores, é o Primeiro ser a vir ao mundo, é o ancestral de todos os ancestrais, desrespeito aos ancestrais é desrespeito a Exu, e daí é que vêm as lendas e conceitos de que Exu pune, Exu é vingativo, Exu é perverso, Exu é o mal, tanto quanto o bem... Pois a sua atuação para o bem ou para o mal muda segundo o ponto de vista de quem lhe observa. Para alguns interessa ter em seu panteão uma divindade que assuste e um mistério para seus interesses mesquinhos, que é na verdade apenas um espelho deles mesmos. Um dia entenderão que todo o mal que viam em Exu estava neles mesmos. Ainda assim muitos creem que Exu pode ser bom e ser mau ao mesmo tempo, ser neutro e manipulável.
Interprete Orixá Exu à luz de Oxalá, ao Amor de Oxum, à Lei de Ogum, com a Justiça de Xangô, nos Seios de Iemanjá, sob o Olhar de Egunitá. Como irmão de Oxóssi, melhor amigo de Orumilá-Ifá, caminhando com Omulu, curando com Obaluaê, deitado no colo de Nanã Boroquê. Exu que ouve Obá, dança com Iansã e troca receitas com Ossaim. Orixá Exu, Amor de Orixá Pomba-gira e ídolo de Orixá Exu Mirim. Orixá Exu nos mostra que todos são mistérios de um Mistério Maior. Todos os Orixás são partes de um Todo chamado Olorum. Nenhum é mais ou menos, todos têm seu grau de importância e função na criação, todos têm uma origem comum.
Exu é Orixá e Orixá é Sempre uma Divindade que Representa o Sagrado Transcendente.
Por isso não é tão fácil ler sobre Exu e saber interpretá-lo, além das palavras, compreender nas entrelinhas e estar acima de qualquer adjetivo negativo que lhe seja atribuído.
Afinal...
Exu se diverte com tudo isso.
Exu ri da ignorância humana.
Exu está acima do medo.
Exu está acima da vaidade.
Exu está acima de nossas visões humanas.
Exu mergulha em nossas paixões.
Exu sobe ao Céu e desce ao Inferno.
Da Luz as Trevas e das Trevas à Luz.
Quem pode com Exu?
Quem pode entender Exu?
Quem já esteve na Luz e nas Trevas e saiu ileso?
Não temos a menor ideia do que seja Luz Absoluta ou Trevas Absolutas,
Atribuímos conceitos humanos e limitados ao que consideramos luz e trevas.
Racionalizamos e consideramos relativos o bem e o mal segundo nosso interesse.
Exu está além de nossa compreensão e sabe que Ele mesmo é um mistério.
Exu transcende o humano e ao mesmo tempo se mostra humano.
Exu confunde esclarecendo e esclarece confundindo.
Ele brinca com o Ego e a Vaidade que Ele mesmo não tem.
Nós humanizamos Exu para torná-lo compreensível, e Exu ao se fazer compreensível mostra que somos patéticos,
Somos medíocres ao querer medir, pesar e rotular o transcendente.
Exu é um desses mistérios que nos coloca de frente com nossas paixões, nossos desejos, nossos apegos, nossos valores como num espelho.
Portanto, quando falar de Exu preste bem atenção, estará falando de si mesmo.
Pessoas Infelizes consideram Exu o mal,
Pessoas Medianas o consideram neutro,
Pessoas Despertas sabem que Exu é Luz.
Atribua valores de Luz ao Orixá Exu e ele se mostrará Luz a Você,
Aceite que Ele é um Mistério Sagrado do Divino Olorum e
Ele se mostrará Divino e Sagrado a você.
Exu assume e adota muitos dos valores que nós lhe atribuímos.
Porque a dualidade de Exu não é nada mais que o espelho da dualidade humana.
Exu é Vazio e cada um de nós escolhe com quais valores preenche este Vazio.
Bem... Espero que este texto sirva de introdução para a leitura de muitos outros textos aos quais a leitura e interpretação muitas vezes se fazem muito humanas. Lendas e Mitos que devem ser interpretados, mistérios que ocultam e revelam ao mesmo tempo. A quem tem olhos para ver o sagrado Ele se revela. A quem não tem Ele se oculta, em seus medos e fobias, afinal iniciado é quem venceu a morte e seus próprios medos e ao vencê-los faz uma outra leitura do mundo. E, como diria um certo oráculo, “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os Deuses e o Universo”, podemos dizer “Conhece-te a ti mesmo, ser humano, e conhecerás Orixá Exu, o mais humano dos Orixás”.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011



Saravá a todos os irmãos leitores deste Blog! Reproduzimos abaixo, um texto de autoria do Sr. Rubens Saraceni, que compõe o material de apoio do curso virtual Teologia de Umbanda Sagrada, através da plataforma UMBANDA EAD do Instituto Cultural Aruanda- www.ica.org.br-. Boa leitura!

ORIXÁS: TEOGONIA DE UMBANDA- Comentários de Rubens Saraceni


―Lembrem-se‖, alertava-nos Pai Benedito, ―que orixá é mistério de Deus! E, como tal, assume as feições humanas que lhe dermos. Mas lembrem-se também: Existe uma Ciência Divina que explica os mistérios dos orixás de forma científica e, em vez de recorrer aos seus aspectos míticos, os decifra e os ensina através das qualidades divinas que cada um deles é em si mesmo‖.
―Na ‗ciência divina‘ está a chave para decifrar os mistérios dos orixás, filhos de Umbanda!‖ — alertava-nos Pai Benedito de Aruanda, ―Na ciência divina existe uma ciência dos entrecruzamentos que nos explica cada orixá cultuado nas religiões africanas puras ou afro-brasileiras.‖
Pai Benedito sabia de coisas que nós não conhecíamos, mas que o tempo se encarregou de nos mostrar.
Recentemente (março de 2000) ganhei um livro intitulado Orixás da Bahia, de autoria de Elyette Guimarães de Magalhães e, para minha surpresa, encontrei uma descrição sobre o orixá Logum Edé, a qual transcrevo na íntegra:
“Este grande orixá, filho de Ibualama ou Inlé – uma „qualidade‟ de Oxóssi, como dizem os afro-haitianos – e da Oxum cognominada Yeyê Ponda ou mais simplesmente Oxum Ipondá, participa de modo muito imediato tanto da natureza como da própria condição de seu pai e de sua mãe, cujos caracteres reúnem (os mais opostos inclusive) e em cujos domínios alterna. Assis é que de seis e seis meses, conforme os mitos, deixa de ser o másculo caçador habitante dos bosques, onde captura e mata os animais selvagens dos quais se nutre, para mudar-se em bela ninfa vaidosa e cheia de requebros, senhora das águas doces de cujos peixes ora se alimenta – e vice versa. Poderíamos mesmo dizer que Logum Edé é, de fato, numa só pessoa e sucessivamente, Ibualama e Oxum”.
Na ciência dos entrecruzamentos, discutida parcialmente no nosso livro O Código da Umbanda, já vimos surgirem orixás intermediários a partir dos cruzamentos das irradiações verticais com as correntes horizontais (faixas vibratórias), e ali todos foram identificados por nomes simbolizadores dos seus campos de ação nos domínios divinos.
Deduzimos que Logum-Edé é o nosso amado Pai Oxóssi do Amor, da união e da concepção da vida, o qual descrevemos assim:
- 2º Oxóssi: é o Oxóssi do amor ou o Oxóssi mineral, também denominado Oxóssi do conhecimento genético. Ele surge a partir do 2º polo magnético, que é formado no entrecruzamento com a corrente eletromagnética mineral, regida pelo orixá Oxum (orixá da concepção e do amor) com a 3º irradiação vertical, regida por Oxóssi.
É impressionante como a descrição mítica e a científica se encaixam no caso de Logum Edé e do 2º Oxóssi ou ―Oxóssi do amor‖, e se alguém ainda duvidar de que são uma só divindade, então nada podemos fazer além de recomendar isto: deem tempo ao tempo para esclarecer o que não nos foi possível.
Observem que, se ressaltei o caso do orixá Logum Edé, já que O Código da Umbanda foi escrito em 1994 e só em março de 2000 este livro me chegou às mãos, e o código é obra mediúnica de diversos espíritos (Pai Benedito inclusive), também em maio de 2000, durante uma aula de teologia de Umbanda, mestre Anaanda nos revelou que o orixá Ewá é uma “Iemanjá” intermediária, regente de uma faixa vibratória horizontal em cujas pontas estão Iemanjá e Ogum, fato esse que a torna impulsiva como toda Iemanjá e aguerrida como todo Ogum, levando muitos a identificarem-na como uma ―Iansã‖.
A ciência divina nos ensina que Ewá é uma divindade intermediária de Iemanjá, que atua sob a irradiação de Ogum como geradora de uma vibração, energia e magnetismo criadores do caráter e moldadora da moral dos seres sob sua influência.
Cremos que esses dois exemplos já são suficientes para que os nossos leitores entendam o objetivo da nossa Teogonia de Umbanda.
Mas alertamos: leiam e releiam com atenção toda ela, pois, heresia das heresias, os espíritos mensageiros ousaram o impensável:
— Separaram os mistérios Obaluaê e Omulu, cujos campos muito específicos e bem definidos são reservados a eles.
— Também cometeram outra heresia impensável: separaram Oyá Tempo de Iansã, e Egunitá da segunda.
Nós sabemos que Egunitá é descrita como uma das qualidades de Iansã na mitologia yorubá. Também sabemos que Oyá é a divindade e “Iyá Mesan” é mãe dos nove filhos, etc.
Mas os espíritos mensageiros ousaram desmembrar esse mistério magnífico e nos revelaram três divindades distintas, sendo que ―Oyá Tempo‖ rege sobre a religiosidade, ―Iansã‖ sobre a lei e ―Egunitá‖ sobre a justiça, três campos distintos e complementares entre si.
Aos olhos dos cultos tradicionais isso é heresia pura, mas os espíritos mensageiros ousaram separar e explicaram detalhadamente o elemento, o sentido da vida e o campo nos quais cada um desses mistérios atua e o que realizam, independentemente de querermos ou não, pois, além de divindades dos cultos africanos, são os orixás de Deus, os regentes da evolução dos seres!
Se os espíritos mensageiros cometeram uma heresia tão grande por ousarem separar Obaluaê de Omulu e Oyá Tempo de Iansã e esta de Egunitá, devem ter se escudado em ―algo‖ anterior e superior às descrições míticas sobre os orixás.
Ou será que foi esse ―algo‖ que os ativou e lhes deu a outorga para ousarem tanto quando a regra até então era a de todos se curvarem e se calarem quando os seus filhos médiuns ouviam relatos confusos sobre os orixás, mas crentes no poder deles, evocarem-nos em seus trabalhos?
O que já se difundiu de confusão sobre os orixás não é pouco. Mas ainda assim eles sempre se manifestaram e auxiliaram a quem os evocou e a eles confiou seus clamores.
Orixá é um termo yorubá que podemos traduzir por ―deuses‖ ou divindades de Deus, e nós bem sabemos que o que definimos por divindade é um conceito humano sobre um mistério de Deus.
Cada divindade é, em si, uma descrição humana sobre algo de difícil definição, porque nós, acostumados a coisas bem definidas, não assimilaríamos facilmente a descrição de um mistério de Deus tão abstrato e concreto ao mesmo tempo.
Se tomarmos Ogum como exemplo, entre os nigerianos é um Deus do ferro e da agricultura. Já entre os gregos antigos encontramos esse mesmo mistério como o temido Marte, o Deus da guerra. Já entre os umbandistas, Ogum é o senhor das ―demandas‖. E todos estão certos, pois, de cada ângulo que observarmos o mistério Ogum, veremos uma de suas facetas, já que um mistério se adapta a todas as visões que dele tiver quem evocá-lo e ativá-lo magística ou religiosamente.
Quanto aos mistérios ―separados‖ pelos espíritos mensageiros, será que eles eram o que descreveram ou narraram o que viram? Será que, num passado remoto, mistérios parecidos não se sobrepuseram ou foram sobrepostos para facilitar suas assimilações pelo maior número de pessoas?
Nós já comentamos sobre os orixás Logum Edé e Ewá, e de como a ciência dos orixás os explica cientificamente, pois eles ocupam casas bem definidas nas hierarquias celestes. Isso não diminui os seus aspectos divinos e não desvaloriza os conceitos humanos sobre eles, já que, ao explicá-los e defini-los claramente, os enaltece e os enobrece ainda mais aos olhos dos umbandistas, que antes não tinham explicação alguma sobre esses orixás cultuados no Candomblé, mas não na Umbanda.
O bom senso nos diz que se a Umbanda herdou suas divindades dos cultos de nação, todas estão nela, ainda que não sejam facilmente definidas, pois, na Umbanda, todas as divindades intermediárias são definidas por nomes simbólicos e não por seus nomes yorubás, como daomeanos, bantus etc. Abrimos a ciência dos orixás, criamos a tela plana todos se acomodam perfeitamente e, heresia das heresias, revelamos o mistério dos orixás: os seus fatores!
Sim. Os fatores de Deus.
Por meio dos fatores de Deus os umbandistas têm a chave mestra que tanto explica os orixás quanto suas lendas, seus arquétipos míticos e suas funções na criação.
Mas, hereges como somos, não paramos nos fatores e abrimos a chave dos magnetismos dos orixás e de suas telas vivas e divinas que interpenetram toda a criação de Deus.
Na Gênese Divina de Umbanda, os fatores de Deus explicam os orixás, e no livro A Androgenesia de Umbanda, eles explicam nossa filiação divina e o motivo de todos terem um orixá em sua ancestralidade, não importando sua raça ou religião.
A história tem sido generosa para com quem é assim, pois o tempo só confirmou que os inovadores, os pioneiros e os hereges estavam certos.
Quanto aos acomodados, aos conservadores e aos dogmáticos, esses cuidavam de seus feudos... e nada mais.
Mas isso é coisa de herege, certo?
Então, que nos critique quem achar que deve e que nos condene quem não encontrar sentido em nossa obra. Mas que todos saibam de antemão que não primamos pelo lugar-comum ou pelo ―amém‖ aos dogmas e às tradições já estabelecidas em nome dos orixás, pois somos inovadores, pioneiros e... hereges.
Em nome dos mestres da luz!
Rubens Saraceni, um herege num campo onde todos querem ser ―Pai‖ de Santo em vez de se contentarem em ser filhos dele.
É crucial à preservação da Umbanda e à sua perpetuação no tempo, na mente, na consciência e no coração das pessoas que nos unamos numa só direção.
É do conhecimento de todos os umbandistas o descaso dado a nós em eventos públicos nos quais só nos convidam a participar porque somos muito numerosos.
O descaso com que somos tratados se deve ao fato de a Umbanda não ter uma doutrina religiosa uniforme e totalmente fundamentada em ritos, liturgia, cosmogonia, teogonia, androgenesia, ética e dialética genuinamente umbandistas e uniformes.
A Umbanda é uma colcha de retalhos doutrinários, com pedaços recolhidos nas outras religiões e adaptados à nossa religiosidade e às nossas práticas.
Cada um que assumiu uma liderança relativa no decorrer do tempo adaptou ao seu rebanho os conceitos que achou mais apropriados e deu início à compartimentação da religião, tornando difícil uma uniformização dos fundamentos umbandistas.
Temos várias correntes doutrinárias e cada uma delas se apresenta como a detentora da ―verdade‖ e trata as outras como formadas por meros especuladores.
Mas se inquirirmos seus líderes maiores, descobriremos que não têm nada mais que um belo discurso e um imenso vazio doutrinário, pois suas cosmogonias são parciais ou infundadas e falta-lhes uma visão realmente umbandista do universo divino cultuado dentro da nossa religião.
Uns misturaram conceitos teosóficos, ocultistas, herméticos, cristãos, judaicos etc., e desse amálgama disforme criaram uma Umbanda diferenciada ou iniciática, fundamentada nos conceitos acima citados.
Outros misturaram cristianismo, pajelança e culto aos orixás e criaram uma Umbanda ―popular‖.
Outros ainda misturaram kardecismo, cristianismo e alguns conceitos magísticos e indigenistas e criaram uma Umbanda ―branca‖.
Outros fundiram espiritismo e pajelança e criaram a Umbanda de ―Caboclos‖.
Outros umbandistas que se transferiram para o Candomblé ou foram até ele para ―fazer a cabeça‖ criaram a antiga Umbanda ―cruzada‖, que atualmente descambou para o ―umbandomblé‖.
E por aí afora o universo umbandista se mostra como uma colcha de retalhos, isso sem contar com a pressão de ―evangélicos e católicos‖ a nos fustigar continuamente com críticas vilipendiantes, e ainda com o ―povo do santo‖ (o Candomblé) à espreita do rebanho umbandista, ávido de ―convertê-lo‖ para um culto no qual, nele sim, terão ―força e poder‖! Estes últimos são lobos vigiando um rebanho de frágeis ovelhas e sempre que podem saqueiam a Umbanda, arrastando para seus domínios os umbandistas despreparados para a nobre função a que se propuseram realizar como sacerdotes ou médiuns; já os bem preparados não abandonam sua religião.
Aqui, neste nosso livro inspirado pelos espíritos mentores do Ritual de Umbanda Sagrada, concretizada no plano físico da criação como a religião de Umbanda, você, amigo leitor, encontrará uma Teogonia de Umbanda fundamentada nas divindades cultuadas pelos umbandistas: os orixás!
Na Umbanda não se cultuam ―Inkices‖ porque são divindades do culto angolano; não se cultuam ―Voduns‖ porque são do culto tambor de minas; não se cultuam ―santos‖ católicos porque são ícones da Igreja Católica Apostólica Romana; não se cultuam ―profetas‖, pois são luminares do judaísmo; não se cultuam ―devas‖ hindus porque são divindades do hinduísmo.
Na Umbanda todos cantam para orixás, que são os senhores concretizadores da criação divina e regentes da evolução dos seres, das criaturas e das espécies cujos fatores divinos estão na origem de tudo o que o divino Olorum criou.
Todos os terreiros de Umbanda cultuam os ―orixás‖ e é neles que fundamentamos a Teogonia de Umbanda, apresentada a todos agora, quase um século após o marco fundamental dela, lançado pelo senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas através do seu médium Zélio Fernandino de Morais.
Se todos os umbandistas cultuam Olorum, Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Iemanjá, Oxum, Nanã, Obaluaê, Omulu, Oxumaré, Exu, etc., então temos uma teogonia fundamental derivada dos povos ―nagôs‖, só que adaptados à nossa visão e entendimento, à nossa religião e modo de cultuá-los.
Para cultuarmos os orixás não precisamos pedir licença a ninguém, muito menos aos nossos irmãos cultuadores deles no Candomblé.
— Os primeiros cristãos não pediram licença aos sábios do templo de Jerusalém para iniciar o cristianismo, fundamentado no velho testamento e na renovadora mensagem de Jesus Cristo.
— Os primeiros budistas não pediram licença aos seus pares orientais para iniciar sua religião.
— O profeta Maomé não foi a Jerusalém pedir licença para iniciar o islamismo, fundamentado no velho testamento e na mensagem recebida por ele do arcanjo que o incumbiu de fundar uma nova religião.
— A igreja ortodoxa grega não pediu licença a Roma para seguir seu próprio caminho. Apenas se separou dela, e pronto.
— Os primeiros protestantes da Europa não fundaram o protestantismo (e seus vários segmentos) com o aval da igreja de Roma, mas como uma dissidência a ela e um contraponto ao seu dogmatismo interesseiro e opressor do livre-arbítrio dos seus fiéis. Assim tem sido com todas as religiões no decorrer dos tempos e não seria diferente com a Umbanda, pois foi um Caboclo, expulso de uma ―casa kardecista‖ e tachado de ―Egum‖ no Candomblé, que sem pedir licença a qualquer religião e sacerdote disse que ali se iniciara uma nova religião, a Umbanda, e ponto final.
Que nos critique e vilipendie quem quiser, mas um dia todos serão ―Eguns‖ e só encontrarão o vazio dos vazios ao desencarnarem, porque das coisas divinas só Olorum é Senhor.
Quanto a nós, espíritos encarnados ou desencarnados, somos seus beneficiários, e nós, os umbandistas, temos a nossa interpretação deles e a forma de cultuá-Lo que, se é diferente do Candomblé, é a nossa interpretação e forma.
Respeite-as quem quiser e aceite-as como válidas também quem for sábio.
Quanto aos que não respeitam nossas interpretações e não aceitam nossa forma de cultuá-Lo, que cuidem dos seus rebanhos porque do rebanho umbandista cuidamos nós, os sacerdotes umbandistas.
Não nos imiscuímos nas searas espírita, católica, evangélica ou dos cultos de nação, e não admitimos ingerência em nossa religião, religiosidade e assuntos de quem não é umbandista.
Não ditamos normas, procedimentos e formas de culto ao Candomblé e não aceitamos que nos critiquem ou nos diminuam porque não rezamos pelas mesmas cartilhas adotadas por seus segmentos: Angola, Mina, Keto, etc.
Os mistérios divinos (os orixás) estão para todos e desde que creiamos nos seus poderes divinos, os cultuemos com fé, amor, respeito e reverência com certeza receberemos deles todo o amparo de que precisamos para exercitar nossa crença e evoluir sob suas guias divinas.
Irmãos umbandistas, aqui, neste livro Orixás — Teogonia de Umbanda, colocamos à apreciação uma interpretação e uma ordenação do nosso universo divino, enaltecendo e divinizando ainda mais os nossos genitores divinos, elevando-os ao alto do Altíssimo e separando-os dos procedimentos tipicamente humanos dados a eles nos seus mitos e lendas, muitas bastante parecidas com as lendas gregas, que antropomorfizaram os mistérios divinos, dando-lhes feições tão humanas e terrenas que não resistiram aos propagadores do cristianismo, que acabaram com o culto aos deuses gregos no curto espaço de dois séculos.
O mesmo fizeram os cristãos com as divindades muito ―humanas‖ de várias outras religiões e povos.
Se cultuamos os orixás, os elevemos ao alto do Altíssimo, enalteçamos seus mistérios e devolvamos a eles suas feições divinas, pois só assim nossa religião, a Umbanda, se fundamentará tão solidamente que deixará de ser um celeiro de talentosos médiuns deixados à própria sorte e ao sabor das várias correntes doutrinárias, todas frágeis e incapazes de pensar a religião como um todo composto por muitas partes, mas com um só objetivo: a evolução espiritual dos seus adeptos!
Para a apreciação dos umbandistas de fato e de direito, eis a obra Orixás — Teogo
nia de Umbanda!
Aqui, neste livro, usamos os nomes Oyá Tempo, Egunitá e Iansã com significados distintos, ainda que saibamos por vários autores (Pierre Verger, Juana Elbein dos Santos, Fernandez Portugal, Roger Bastide, Volney J. Berkenbrock, Artur Ramos e outros autores renomados aqui não citados) que: ―Oyá Tempo é o orixá do Rio Níger; seu nome deriva de Aberi Amesan; Oyá Tempo chama-se Iyá Abesan perto do palácio Akron em porto novo... a identidade de Avesan e Oyá Tempo me foi confirmada pelos sacerdotes deste templo. Eles declaram que essa divindade foi trazida de uma região situada além do território de lagos havia muito tempo, antes da chegada dos Gun. Permaneceu durante certo tempo na região de Ipokia, na Nigéria, de onde foi trazida para Akron pelo Oba (rei) Oganju... seu nome deriva de Aberi Amesan (com nove cabeças)... Existia outrora no bairro de Akron ou Okoro um monstro com nove cabeças, cujo nome era Abori Messan Adjaja ou Vessan‖. Essas informações foram colhidas do livro Notas sobre o Culto aos Orixás e Voduns, de Pierre Verger, pág. 388.
Já no livro do professor Fernandez Portugal (Curso de Cultura Afrobrasileira), no capítulo reservado a Oyá Tempo, temos: ―O culto a Oyá Tempo está ligado aos ancestrais. Ele é o único orixá que pode virar no Axexe.
Epare-eparrei, no Brasil — é a louvação a um dos raios de Oyá Tempo.
Iyásan — nome pelo qual Oyá Tempo é conhecida no Brasil, Iyá (mãe) san (trovejante, retumbante) ou senhora da tarde.
Epare Iyá Mesan Orun — a mãe dos nove Orun, e o último deles foi Egun.
Gbale — em yorubá quer dizer governadora, governanta. Oyá Tempo foi governanta de uma província na cidade de Abeokuta com o nome de Oyá-Gbale, e Oyá Tempo é a detentora, chefe matriarcal da sociedade secreta de Egun. As Oyá-Gbale são Oyá-Funán e Oyá- Fure, as demais não têm todo o poder sobre Egun (morte)‖.
A seguir o Prof. Fernandez Portugal enumera o que ele denomina ―Qualidade de Oyá Tempo‖: ―Egun Okuta (Egunitá) — fundamento com Ogum Wari e Ode
Oyá Binká
Oyá Seno
Oyá Abomi
Oyá Gunám
Oyá Bagám
Oyá Onirá
Oyá Kodum
Oyá Magambeile
Oyá Yapopo
Oyá Onisoni
Oyá Bagdure
Oyá Tope
Oyá Filiabá
Oyá Semi
Oyá Sinsirá
Oyá Sire‖.
Ele enumera também as qualidades de Oyá-gbale:
―Oyá Funam
Oyá Fure
Oyá Gere
Oyá Toningbe
Oyá Fakarebo
Oyá De
Oyá Mim
Oyá Lario
Oyá Adagangbará‖.
Quem quiser saber mais estude nos livros aqui citados por nós e em muitos outros de ótimos autores ―afro-brasileiros‖.
Mas se aqui citamos alguma coisa sobre Oyá Tempo e Iansã foi para que saibam que conhecemos o que é corrente nos cultos afro-brasileiros sobre esses dois orixás.
O mesmo se aplica ao binômio Obaluaê e Omulu (o novo e o velho) e sobre Oxalufã e Oxaguiã (Oxalá velho e Oxalá novo).
E se conhecemos e ainda assim separamos Obaluaê de Omulu, e não diferenciamos Oxalá em velho e novo, mas os englobamos num só mistério, é porque alguns mistérios nós os separamos ainda que isso seja uma heresia aos olhos dos tradicionalistas, temos nossas razões para fazê-lo e a autorização superior dos espíritos mentores da Umbanda Sagrada.
O mesmo fizemos com Oyá Tempo, Iansã e ―Egunitá‖:
— Oyá Tempo ficou sendo o ―tempo eterno‖ ou Oyá Tempo. Ela polariza com Oxalá e rege sobre a religiosidade dos seres.
— Iansã ficou sendo a senhora da lei, direcionadora dos seres e no elemento eólico puro realiza a ordenação com Ogum, formando a 5ª irradiação divina.
— Egunitá ficou sendo o nome do orixá feminino do fogo e no elemento ígneo puro aplica a justiça divina com Xangô na vida dos seres.
Nas linhas de elementos, temos esta classificação:
Irradiação Pura da Justiça Divina
(Ígnea) Xangô e Egunitá
Irradiação Pura da Lei
(Eólica) Ogum e Iansã
4ª Linha de Umbanda Bipolarizada por Elementos Complementares
(Cruzada) Xangô e Iansã
5ª Linha de Umbanda Bipolarizada por Elementos Complementares
(Cruzada) Ogum e Egunitá
Logo, se conhecemos os mitos, as lendas e a teogonia yorubana, e dela nos servimos de determinados nomes (Oyá Tempo), epítetos (Iyá Mesan) e qualificativos (Egunitá), não o fazemos por nada conhecermos sobre os sagrados orixás, mas sim porque assim nos foi determinado por poderes superiores que sabem de coisas que não conhecemos aqui embaixo na terra (no aiyê) e recorremos a três dos termos derivados do mistério maior ―Tempo‖.
Portanto, insisto na minha advertência: aqui nesta nossa Teogonia de Umbanda Sagrada usamos nomes, epítetos e qualificativos yorubanos para explicar certos(as) senhores(as) de mistérios ainda desconhecidos(as) dos encarnados, que só conhecem algumas das inúmeras atribuições dos senhores orixás.
Quanto aos seus mistérios originais e seus atributos divinos, o que vemos no plano material da vida é muito pouco, quase nada mesmo.
Logo, não venham atirar pedras no que desconhecem porque com certeza serão surpreendidos após desencarnarem e descobrirem que o que aprenderam estava calcado nas aparências exteriores e ―humanas‖ dos orixás, os mistérios de Olorum.
Os mitos e as lendas são indicadores das qualidades, atributos e atribuições dos orixás, mas não são a última palavra sobre eles e não devem ser lidos ao pé da letra, mas sim interpretados para que deles se extraia o que os seus criadores estavam querendo dizer.
Oyá Tempo, ―a mãe dos nove filhos‖, não pariu nove filhos aqui no lado material da vida, mas sim é o orixá que rege o tempo e cujo mistério maior abre-se em nove outros, cada um deles regendo um aspecto da criação divina, dos seres, das criaturas e das espécies.
O misterioso fole de Ogum — dono da forja que fabrica armas para os outros orixás e ferramentas de cultivo —, agitado por Iansã para acender o fogo, é o real mistério desses dois orixás, que são eólicos.
―No ar que alimenta o fogo‖ está a qualidade original desses orixás ―eólicos‖. Na lei que executa a justiça divina estão seus mistérios maiores.
Se Xangô (a justiça) estava sempre em guerra (demandas), era da forja de Ogum, cujo fole era agitado por Iansã que trazia as armas (os recursos), de que ele precisava para vencê-las. Ou não é verdade que onde há a discórdia extremada só com o uso da força e das armas (Ogum) a paz volta a reinar?
Uma lenda tem que ser interpretada, pois traz em si o conhecimento oculto sobre os mistérios que vela.
Mas quem procura fazer isso com conhecimento de causa e com isenção de espírito?
Seria bom alguém fazer isso antes que os mitos da construção do mundo, as lendas e os orikis comecem a ser usados contra os cultos afro-brasileiros pelos seus adversários, sempre à espreita de uma brecha para denegrir quem tem real poder de abalar seus feudos religiosos.
Deus não criou religiões. Quem as criou, cria e criará são os seres humanos (encarnados e desencarnados).
— Deus é o que é: o incriado Criador.
— Os orixás são o que são: mistérios do Criador.
Quanto às religiões, são criações humanas, que procuram dar feições humanas a Deus e aos seus mistérios.
Até esta nossa obra está sujeita à contestação por parte das outras religiões, das correntes doutrinárias e interpretativas da Umbanda e das correntes (cultos) do Candomblé.
É um direito de todos refutarem o que é ―novo‖ e pode abalar seus feudos religiosos, construídos a partir do que lhes foi útil.
Mas que ninguém nos negue o mesmo direito que lhes foi concedido quando construíram suas religiões e estabeleceram seus panteões divinos.
Em religião (e em qualquer outro campo) nada surge do nada. Todos se fundamentam em mitos da criação mais ou menos comuns a toda a humanidade e extraem deles o que lhes parece mais verdadeiro e com o que mais têm afinidade e assim constroem uma doutrina religiosa, uma ritualística, uma liturgia, uma teologia e uma teogonia, e começam a semear ―sua‖ religião como se ela fosse a única verdadeira e com fundamentos divinos. Quanto às outras, são só seitas inconsequentes criadas por desconhecedores da ―verdade‖.
Quem são esses donos da ―verdade última‖, que é Deus?
Quem pode realmente dizer que conhece de fato a ―verdade‖, que é Deus?
Se há alguém que é o dono da verdade e que a conhece realmente, então que só ele desclassifique esta nossa ―Teogonia de Umbanda‖.
Para nós, o único dono da verdade e que realmente a conhece é Deus.
Para Ele prestamos e sempre prestaremos contas das nossas ações humanas.
Quanto aos ofendidos e aos inconformados com nossa Teogonia, que cuidem das suas como bem lhes aprouver, pois da nossa cuidamos nós. E se não criticamos as teogonias alheias e as respeitamos porque sabemos que são construções humanas acerca do universo divino, o mesmo procedimento exigimos para conosco.
Aos umbandistas esta teogonia se destina. À Umbanda Sagrada ela pertence, porque foi idealizada por espíritos mentores da Umbanda.
Ela foi construída sobre valores divinos ancestrais e visa perpetuá-los pela religião de Umbanda... se for aceita pelos umbandistas. Caso contrário, que outros umbandistas construam outras teogonias até que uma, finalmente, venha a ser aceita por todos e finalmente tenhamos um panteão divino definitivo e do agrado de todos.
Mas que essa teogonia final seja construída por umbandistas de fato, e não pelos adeptos de outras religiões.
Afinal, se o culto a Olorum e aos orixás dentro da Umbanda tiver que ser ditado pelo Candomblé, então que não percam tempo e transfiram-se logo para ele, pois terão menos trabalho.
Umbandistas, tenham uma boa leitura e lembrem-se disso:
Tudo o que aqui está codificado tem o poder da realização. Assim, se oferendarem, por exemplo, o senhor ―Oxóssi do amor e da concepção ou o senhor Oxóssi mineral‖, com absoluta certeza serão atendidos nos seus clamores, segundo sua fé e seu merecimento.
E o mesmo se aplica a todos os senhores orixás aqui codificados com nomes simbólicos.

Fonte: Orixás – Teogonia de Umbanda. Rubens Saraceni. Ed. Madras.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Saravá a todos os irmãos leitores deste Blog! Reproduzimos abaixo, um texto de autoria de Alexandre Cumino que compõe o material de apoio do curso virtual Teologia de Umbanda Sagrada, ministrado pelo próprio Alexandre Cumino, através da plataforma UMBANDA EAD do Instituto Cultural Aruanda- www.ica.org.br-. Boa leitura!

REFLEXÃO SOBRE A LITERATURA DE RUBENS SARACENI- Por Alexandre Cumino


Rubens Saraceni é o mais procurado entre os autores umbandistas da atualidade. Podemos estudá-lo como um fenômeno de fato e de direito dentro desta realidade, na qual fez uma revolução da forma de relacionar-se com a psicografia na religião. Passou a apresentar uma obra de romances mediúnicos umbandistas, transmitidos por um preto-velho, Pai Benedito de Aruanda. Algo que é tão comum no espiritismo de Kardec e tão difundido por Chico Xavier ainda não havia sido bem aproveitado na Umbanda.
Publicou inicialmente O Guardião da Meia Noite e o Cavaleiro da Estrela da Guia, que se tornariam, em pouco tempo, os títulos mais lidos entre os umbandistas. Encontrou, o autor, apoio irrestrito na pessoa do Sr. Wagner Veneziani Costa, presidente da Editora Madras, para a publicação e divulgação dos títulos umbandistas.
Rubens Saraceni e a Editora Madras mudaram um paradigma no mundo livreiro, pois as grandes editoras e livrarias não aceitavam títulos de Umbanda, e os mesmos eram encontrados apenas em lojas de artigos religiosos; agora outras editoras já se animam em publicar títulos de umbanda, e outros umbandistas se sentiram incentivados, também, a psicografar romances umbandistas e obras doutrinárias.
Rubens Saraceni conta hoje com mais de cinquenta títulos publicados pela Editora Madras, além dos já tradicionais e consagrados romances mediúnicos umbandistas de sua autoria, também brindou a Umbanda e os umbandistas com uma vasta obra de conteúdo doutrinário e teológico. É possível identificar em sua Teologia de Umbanda novos conceitos e a releitura de alguns pontos já há muito abordados por outros autores.
Em seu primeiro livro doutrinário, Umbanda o Ritual do Culto à Natureza1 (1990), é possível encontrar uma semente da linha teológica que marca a obra o autor, já trazia uma boa consistência e marcava a postura do autor com relação ao universo em que começava a transitar, a literatura umbandista. Logo na introdução do livro (Apresentação e Uma Palavra do Autor) podemos ter uma ideia “de onde vem e para onde vai” esta obra e este autor. Coloco abaixo algumas passagens que marcam esse perfil:

Apresentação
Este livro foi formado a partir de mensagens transmitidas por entidades do Ritual de Umbanda que se identificam no final de cada trecho, mensagens estas que não são de natureza iniciática, mas tão somente esclarecedoras de alguns aspectos e elementos do todo nominado “Umbanda Sagrada” [...]
Neste caso, parece-nos que este livro guarda uma coerência bastante grande com todos os outros livros inspirados pelos mestres da Luz: o de trilhar num meio termo entre o popular e o iniciático, ou entre o exotérico e o esotérico [...]
(Umbanda) não pode ser contida ou apreendida no seu todo por quem quer que seja. O mais que alguém poderá conseguir será captar partes desse todo [...]
Umbanda traz em si energia divina viva e atuante, à qual nos sintonizamos a partir de nossas vibrações mentais, racionais e emocionais. Energias estas que se amoldam segundo nosso entendimento de mundo.
[...] os mestres nos ensinam que o “Verbo” não está contido numa só língua ou grafia iniciática, mas que, quando verdadeira é a língua ou grafia, através dela o “Verbo” se manifesta.
Logo, se um irmão de fé num grau não iniciático, mas instruído pelo seu mentor, riscar um ponto análogo às forças do seu regente, ativará forças análogas àquelas ativadas pelo mais profundo dos conhecedores da Lei de Pemba [...]
E neste ponto reside e se manifesta toda a grandeza da Umbanda: os orixás não olham o grau de ninguém, apenas esperam que cada um contribua com seu corpo, sua boa vontade, sua fé, e também com o que de melhor temos a oferecer-lhes: nosso amor! [...]

Uma Palavra do Autor
Ali está uma boa parte dos fundamentos da Umbanda, seu ritual é aberto ao aperfeiçoamento constante [...]
Tudo o que as grandes religiões castram nos seus fiéis, o ritual umbandista incentiva nas pessoas que dele se aproximam. Nada tem a ocultar, mas sim a ensinar àqueles que querem penetrar nos seus mistérios. [...]
Observando estes que são os primeiros textos de Rubens Saraceni podemos vislumbrar uma proposta de fazer um “caminho do meio” para a Umbanda, entre o esotérico (fechado) e o exotérico (aberto). Pretende mostrar que a Umbanda revela os grandes mistérios, os arcanos, de uma forma simples e acessível, sem a necessidade de segredos e rituais complicados. Com o tempo passou a apresentar conceitos “chave” para o entendimento da religião, por meio dos quais trouxe todo um conjunto de informações sobre campos ainda inexplorados, mal explicados ou pouco compreendidos, como: Os Tronos de Deus, O Setenário Sagrado, Sete Linhas de Umbanda, Gênese de Umbanda, Androgenesia, Fatores de Deus, Ciência dos Entrecruzamentos, Escrita Mágica etc.
Um conceito fundamental na obra de Rubens Saraceni é o Setenário Sagrado, no qual se assentam as Sete Vibrações de Deus que fundamentam tudo o que se relaciona com o mistério do número sete na criação, que é a base de entendimento das Sete Linhas de Umbanda. Da forma como lhe foi passado por Pai Benedito de Aruanda, Sete Linhas são sete vibrações de Deus, pelas quais Ele criou tudo e todos. Toda a criação leva a marca destas sete vibrações. Todos os Orixás se encontram nelas, cada linha é associada a uma essência, um elemento, e suas respectivas cores e divindades correspondentes.2
Agora vejamos algumas considerações sobre a Umbanda que marcam a obra de Rubens Saraceni, com o objetivo de fazer uma reflexão sobre os mesmos:

Umbanda Sagrada
A Umbanda nada mais é que um retorno à simplicidade em cultuar a Deus; em aceitá-Lo como algo do qual nós também fazemos parte [...]
Na simplicidade do ritual umbandista é que reside sua força, pois não adianta um templo luxuoso cheio de pessoas ignorantes sobre a natureza do Ser Divino [...] p.18
Esta é a essência da Umbanda: cada umbandista é um templo do seu culto. Este é um mistério sagrado que sempre esteve oculto dos homens. Não interessa as grandes religiões ensiná-lo, pois assim perderiam o domínio sobre o adepto. p.20 3
Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada
Se a Umbanda é uma religião nova, seus valores religiosos fundamentais são ancestrais e foram herdados de culturas religiosas anteriores ao cristianismo.
A Umbanda tem na sua base de formação os cultos afros, os cultos nativos, a doutrina espírita kardecista, a religião católica e um pouco da religião oriental (budismo e hinduísmo) e também da magia, pois é uma religião magística por excelência, o que a distingue e a honra, porque dentro dos seus templos a magia negativa é combatida e anulada pelos espíritos que neles se manifestam incorporando nos seus médiuns.

Os Arquétipos da Umbanda
A Umbanda é fé, religião, magia e espiritualização na vida dos seus seguidores.
Ela é como é porque assim foi pensada por Deus, concretizada pelos sagrados Orixás e colocada para todos pela espiritualidade.

As Sete Linhas de Umbanda
As entidades que atuam na Umbanda não são apenas de uma raça ou religião. Vêm de todos os lugares da Terra e trazem consigo os seus últimos ensinamentos religiosos, porém já purificados dos tabus criados pelos encarnados.

Tratado Geral de Umbanda
_ Sim, há um iniciador da Umbanda no plano material e este é Pai Zélio de Moraes.
Quanto aos que propugnam que ela teve um início em eras remotas ou entre outros povos, estes fazem apenas um exercício de comparatividade porque confundem a prática de incorporar espíritos, tão antiga quanto a própria humanidade, com a Umbanda.7
Formulário de Consagrações Umbandistas
Sabemos que existem várias correntes de pensamento dentro da Umbanda e também há muitas formas de praticá-la... Não consideramos nenhuma das correntes melhor ou pior e nem mais ou menos importante para a consolidação da Umbanda. Todas foram, são e sempre serão boas e importantes, pois só assim não se estabelecerá um domínio e uma paralisia geral na assimilação e incorporação de novas práticas ou conceitos renovadores.
E por essa pluralidade, temos correntes cristãs, indígenas... tantas correntes de pensamento só enriqueceram ainda mais a nossa religião [...]

Código de Umbanda
Imaginemos cada quadrante do universo visível e invisível sendo varrido pelo fluxo contínuo e ordenado de uma Vontade Superior; imaginemos células macrocósmicas e microcósmicas organizadas rigidamente no sentido de garantir este ordenamento.
Imaginemos todas as formas possíveis, das mais densas às mais sutis, todos os seres e criaturas reunidos em uma explosão de vida que perpassa todas as dimensões, submetidas a ciclos vitais inexoráveis; imaginemos a Presença Divina em cada gesto, em cada palavra, em cada vontade nutrida procurando o bem de todos e o consolo de cada um.
Imaginemos tudo isso acontecendo simultaneamente, e estaremos começando a penetrar no universo sublime e maravilhoso do Ritual de Umbanda Sagrada.
Umbanda significa: o sacerdócio em si mesmo, na m‟ banda, no médium que sabe lidar tanto com os espíritos quanto com a natureza humana. Umbanda é o portador das qualidades, atributos e atribuições que lhe são conferidas pelos senhores da natureza: os Orixás! Umbanda é o veiculo de comunicação entre os espíritos e os encarnados, e só um Umbanda está apto a incorporar tanto os do Alto, quanto os do Embaixo, assim como os do Meio, pois ele é, em si mesmo, um templo.
Umbanda é sinônimo de poder ativo.
Umbanda é sinônimo de curador.
Umbanda é sinônimo de Conselheiro.
Umbanda é sinônimo de intermediador.
Umbanda é sinônimo de filho de fé.
Umbanda é sinônimo de sacerdote.
Umbanda é a religiosidade do religioso.
Umbanda é o veículo...
Umbanda é o mais belo dos templos, onde Deus mais aprecia ser manifestado, ou mesmo onde mais aprecia estar: no intimo do ser humano!...
Umbanda, o sacerdócio; embanda, o chefe do culto; Umbanda, o ritual aberto do culto aos ancestrais.
Umbanda, onde na banda do “Um”, mais um todos nós somos...
Digam que, na banda do “Um”, o rebanho é composto só de pastores, pois “Umbanda” é sacerdócio. [...] pp.37-39

Orixás: Teogonia de Umbanda
Observem que queremos chamar a atenção dos leitores para o fato de que em um século de existência a Umbanda já avançou muito em seus aspectos teóricos e práticos e, no entanto, sempre haverá espaço para novos livros e conceitos, porque ela é uma religião de fato e uma fonte inesgotável de conceitos e informações. Tanto isso é verdade que jamais deixaremos de ter novos livros sobre a religião umbandista, nos quais os autores estarão reavivando a fé dos leitores, abordando aspectos ritualísticos e conceitos doutrinários, sempre movidos pelo intuito de elucidar, esclarecer e instruir a novas gerações umbandistas.
Sim, as novas gerações são as grandes levas de pessoas possuidoras da mediunidade de incorporação que adentram diariamente os templos de Umbanda, ávidas por informações acerca do universo divino da sua nova religião.
Pai Benedito de Aruanda já nos dizia: “Filhos, não temam as críticas cujo único objetivo é destruir a Umbanda porque elas não prosperarão, já que a cada novo dia milhares de espíritos reencarnam e muitos deles já trazem abertas as suas faculdades mediúnicas, faculdades essas que os conduzirão ao encontro das religiões espíritas ou mediúnicas, tais como o Espiritismo, a Umbanda e o Candomblé”.
Pai Benedito também dizia:
“Filhos, a Umbanda é maior que todos os Umbandistas juntos, pois ela é uma religião, e, como tal, sempre abrigará novos fiéis, mostrando a todos que é em si um mistério de Deus, apto a abrigar em seu seio (templos) quantos a procurarem e a adotarem como sua „guia‟ terrena nos caminhos que nos conduzem a Deus”.
Pai Benedito também nos alertava sempre sobre o fato de que, caso alguém quisesse se arvorar em “papa” da Umbanda ou chamasse para si a posse dela, dos seus conceitos e da sua doutrina, logo se veria tão assoberbado que se calaria e se recolheria ao silêncio sepulcral do seu intimo, já que a Umbanda não tem um dono ou papa.
Pai Benedito também nos dizia: “Filhos, a Umbanda é uma religião mediúnica e, como tal, dispensa templos suntuosos, pois onde houver um médium lá estará um dos seus „templos vivos‟, através do qual a religião fluirá em todo seu esplendor. Portanto, sejam bons e bem esclarecidos médiuns, porque serão a religião”.
Tantas foram as coisas ditas a nós por Pai Benedito de Aruanda que é impossível recordar todas neste momento que escrevo a apresentação deste livro.
Mas se de algumas me recordo é para salientar a sapiência desse nosso amado irmão Preto-Velho que sempre nos alertava: “Filhos, Deus é a verdade e é a fonte divina de todos os mistérios. Só Ele realmente sabe! Quanto a todos nós, espíritos mensageiros e médiuns, somos apenas intérpretes d‟Ele e dos Seus mistérios, dos quais temos nossas versões e nada mais”. Logo, caso lhes digam: Esta é a verdade final sobre Deus e sobre seus mistérios – fiquem alerta porque ali estará alguém fazendo proselitismo em causa própria ou é mero especulador.
Se relembro os alertas de Pai Benedito de Aruanda, dados quando ele psicografava através de mim, é porque ele sempre foi um critico ardente de muitos dos comentários sobre os Orixás...
Ele não poupava ninguém quando o assunto era os Orixás e até nos dizia: “Filhos, hoje estão surgindo pessoas, cheias de soberba e sapiência, arvorando-se em arautos do saber sobre os orixás...”
“Lembrem-se”, alertava-nos Pai Benedito, “que orixá é mistério de Deus! E, como tal, assume as feições humanas que lhe dermos. Mas lembrem-se também: existe uma Ciência Divina que explica os mistérios dos orixás de forma científica e, em vez de recorrer aos seus aspectos míticos, os decifra e os ensina através das qualidades divinas que cada um é em si mesmo”.
“Na „ciência divina‟ está a chave para decifrar os mistérios dos orixás, filhos de Umbanda!” [...] pp.7-9
– alertava-nos Pai Benedito de Aruanda,
“Na ciência divina existe uma ciência dos entrecruzamentos que nos explica cada orixá cultuado nas religiões africanas puras ou afro-brasileiras.”
Pai Benedito sabia das coisas que nós não conhecíamos, mas que o tempo se encarregou de nos mostrar.

AUTONOMIA DA RELIGIÃO
Todos os terreiros de Umbanda cultuam os “Orixás” e é neles que fundamentamos a Teogonia de Um-banda, apresentada a todos agora, quase um século após o marco fundamental dela, lançado pelo senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas através do seu médium Zélio Fernandino de Morais.
Se todos os umbandistas cultuam Olorum, Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Iemanjá, Oxum, Nana, Obaluaê, Omulu, Oxumaré, Exu, etc., então temos uma teogonia fundamental derivada dos povos “nagôs”, só que adaptados à nossa visão e entendimento, à nossa religião e modo de cultuá-los.
Para cultuarmos os Orixás não precisamos pedir licença a ninguém, muito menos aos nossos irmãos cultuadores deles no Candomblé.
- Os primeiros cristãos não pediram licença aos sábios do Templo de Jerusalém para iniciar o cristianismo, fundamentado no Velho Testamento e na renovadora mensagem de Jesus Cristo.
- Os primeiros budistas não pediram licença aos seus pares orientais para iniciar sua religião.
- O profeta Maomé não foi à Jerusalém pedir licença para iniciar o islamismo, fundamentado no Velho Testamento e na mensagem recebida por ele do Arcanjo que o incumbiu de fundar uma nova religião.
- A igreja ortodoxa grega não pediu licença a Roma para seguir seu próprio caminho. Apenas se separou dela, e pronto.
- Os primeiros protestantes da Europa não fundaram o protestantismo (e seus vários segmentos) com o aval da igreja de Roma, mas como uma dissidência a ela e um contraponto ao seu dogmatismo interesseiro e opressor do livre arbítrio dos seus fiéis. Assim tem sido com todas as religiões no decorrer dos tempos e não seria diferente com a Umbanda, pois foi um Caboclo, expulso de uma “casa kardecista” e tachado de “Egum” no Candomblé, que sem pedir licença a qualquer religião e sacerdote disse que ali se iniciara uma nova religião, a Umbanda, e ponto final.
Que nos critique e vilipendie quem quiser, mas um dia todos serão “Eguns” e só encontrarão o vazio dos vazios ao desencarnarem, porque das coisas divinas só Olorum é Senhor.
Quanto a nós, espíritos encarnados ou desencarnados, somos seus beneficiários, e nós, os umbandistas, temos a nossa interpretação deles e a forma de cultuá-Lo que, se é diferente do Candomblé, e a nossa interpretação e forma.
Respeite-as quem quiser e aceite-as como válidas também quem for sábio.
Quanto aos que não respeitam nossas interpretações e não aceitam nossa forma de cultuá-Lo, que cuidem dos seus rebanhos porque do rebanho umbandista cuidamos nós, os sacerdotes umbandistas.
No livro Lendas da Criação, o autor apresenta uma nova leitura da mitologia dos orixás, fundamentada na Ciência dos Orixás, de uma forma inusitada, sob a psicografia, surge um novo estilo literário. Aparecem longos discursos em diálogos, com toques de humor e ironia, nos quais figuram os Orixás. Pode-se dizer que três personagens roubam a cena, são eles Exu, Pomba-Gira e Exu-Mirim. Os três se movimentam com mesma desenvoltura e no mesmo nível dos outros Orixás, e mais uma novidade: Pomba-gira e Exu-mirim assumem o status de Orixá. O autor explica que há tronos, divindades, no astral, responsáveis por estas duas entidades. E que assim como a entidade Exu tomou o nome do Orixá Exu para se identificar, pode-se tomar o nome da entidade (Exu-mirim ou Pomba-gira) para identificar o Orixá correspondente. E para oferecer mais e melhores explicações publicou os títulos Orixá Pomba-gira e Orixá Exu Mirim. Rubens é também o primeiro autor a dedicar um livro a Exu-mirim, mais um dos elementos tão discutidos e pouco conhecido dentro da Umbanda.

Livro de Exu: O Mistério Revelado
Este Livro é parte da Teologia de Umbanda Sagrada. Portanto, deve ser lido com atenção e estudado com afinco, pois, a partir do seu entendimento, o Mistério Exu assumirá seu verdadeiro lugar na criação divina e seu grau natural, tanto na magia quanto nas hierarquias cósmicas da Lei Maior, como regente dos carmas coletivos e individuais, os quais são trabalhados no plano material, onde são transmutados, esgotados ou anulados.
Seiman Hamiser yê (Ogum Megê “Sete Espadas”)

O Guardião da Meia Noite
Quando comecei a receber a inspiração para escrever este livro, preparei-me mentalmente, pois Pai Benedito de Aruanda havia me dito: “Vou historiar uma experiência fascinante de um velho amigo seu, que pagou o preço do desafio às leis eternas do amor e da compreensão”... contemos a fascinante história do Guardião da meia-Noite. Fascinante porque nos revela, de modo humano, o estranho desenrolar da vida desse personagem que tinha tudo para ter uma vida tranquila, mas que, infelizmente, pela forma como agiu, provocou o seu próprio tormento, mesmo depois de morto seu corpo carnal.
O Guardião da Meia-Noite é o personagem real que mais coragem teve em nos contar sua terrível história. Hoje ele é um dos melhores servidores da Luz da Lei.

Os Guardiões dos Sete Portais:
Hash-meir e o Guardião das Sete Portas
Minha mente, como por mágica, volta ao passado – milênios atrás – para trazer ao presente uma história que é baseada só nos princípios da magia sagrada do grande circulo do grande oriente.
Busca num tempo que não há registros históricos, mas é aí em que se encontram todos os fundamentos de quase todas as grandes religiões atuais. Situa-se num tempo em o que hoje tratamos pelo termo magia é apenas um fraco arremedo do passado. Os que hoje se denominam grandes magos, são apenas sombras de um passado, oculto e esquecido pela humanidade.
Talvez seja melhor que seja assim, que os magos atuais já não possuam o mesmo poder, pois era um tempo em que os homens acumulavam grandes poderes sobre o mundo sobrenatural. Era um tempo em que os guardiões dos mistérios sagrados viviam em constante combate com as poderosas forças das trevas.
Foi dessa época que nos chegaram fragmentos para compor esta obra que, com certeza despertará o interesse dos que apreciam o ocultismo e por meio dele tentam encontrar suas origens, seu ancestral místico, suas histórias esquecidas pelo sucessivo ir e vir do espírito eterno nas suas reencarnações.
Foi assim, buscando no passado já esquecido, que encontramos Hash-Meir, um mago do grande círculo do grande oriente que desde o nascimento foi preparado para enfrentar e vencer Ptal, a encarnação do Grande Guardião das Sete Portas das Trevas.
Hash-Meir ora caminha na luz, ora nas trevas, mas sempre com um objetivo: vencer Ptal, o que vinha das trevas para destruir os Templos onde reinava a luz.

Guardião Sete: O Chanceler do Amor
Este livro não deve ser lido e entendido só como um romance espiritual porque todas as vivências do seu personagem principal são descrições romanceadas de iniciações e dos campos em que elas acontecem e são aplicadas.
Em momento algum o leitor deve se ater ao sentido literal das palavras porque o que aqui lerão serão descrições “veladas” de mistérios da criação, proibidos de serem revelados abertamente ao plano material da vida.
Esperamos que “os que têm olhos para ver” vejam um pouco mais além do que esta narrativa já está revelando e comecem a entender que os mistérios divinos abrangem muito mais do que o campo que já foi aberto pela literatura espiritualista...
Este livro vem a somar-se a uma série iniciada com Hash-meir e estendida com a série “Guardiões”, tais como: O Guardião da Meia Noite, O Guardião das Sete Portas, O Guardião Tranca Ruas, O Guardião das Sete Encruzilhadas, O Guardião do Fogo Divino, etc.
Todos os livros acima citados têm algo em comum: são descrições de vivências de guardiões que atuam sobre espíritos caídos nas trevas da ignorância...

O Guardião dos Caminhos
O Senhor Tranca-Ruas e outros Senhores Exus Guardiões têm insistido comigo para que psicografe suas histórias, pois só assim os médiuns umbandistas, os espíritas e os espiritualistas, em geral, saberão realmente o que é “Exu”: mistério da Lei e da Vida...
Compreensão: eis a chave de acesso ao mistério que, na Umbanda Sagrada, recebe o nome de Exu. Sempre polêmico, Exu é o ser humano por excelência, já que pensa e age como nós, os encarnados. Ele ama e odeia, deseja e sente vontades, luta e reluta, ganha e perde, vence e é derrotado, dá e tira. Enfim, ele é o espírito que está mais próximo dos encarnados.
Hoje, compreendo Exu, embora já tenha tido várias dúvidas sobre essa tão controvertida entidade da Umbanda. Uma delas referia-se ao fato de que todos os temidos Exus Tranca-Ruas, que baixavam em nosso modesto Centro, mostravam-se sempre amigos. Desmanchavam trabalhos sem nada pedir em troca até se ofereciam para que a eles eu recorresse, caso me sentisse ameaçado por espíritos rebeldes do baixo astral. Naquela época, isso me intrigava muito, pois não eram só os Tranca-Ruas que assim procediam; outros Exus de Lei também se colocavam à minha disposição, caso me sentisse ameaçado.
Anos e anos se passaram e muito fui aprendendo sobre o mistério Exu. E se o Senhor Tranca-Ruas hoje confia sua biografia a mim, hoje também sei a razão dessa confiança: compreensão. Compreendo o mistério Exu e Exu me compreende; logo a compreensão é mutua. Assim, espero que o leitor desta história verdadeira desarme seu espírito de possíveis restrições que possa ter em ralação a Exu, pois a biografia do Senhor Tranca-Ruas é, talvez, a mais humana e encantadora de todas as que já psicografei nestes anos todos.
Tenham uma boa leitura e creiam que facilmente compreenderão o fascinante mistério Exu.
A quantidade de livros e revelações no obra de Rubens Saraceni é algo que parece não ter fim, já foram publicados mais de 50 títulos, apenas a quantidade e a malha de relações que há entre eles já é algo que nos chama a atenção. Única e exclusivamente por este fato já lhe deve ser dado mérito pela dedicação, no entanto, por conceitos reveladores também o reconhecemos pela coragem, mas é justamente pela inspiração pela psicografia que vem seu maior mérito em publicar obras que nos auxiliam a compreender a Umbanda de um ponto de vista astral. Sabemos que há livros de leitura mais fácil e outros nem tanto. Que há livros aos quais se tem necessidade de já ter lido outros títulos anteriormente para uma melhor compreensão de seus conceitos, assim como há romances que são lidos com maior propriedade por quem já está inserido neste universo. A quem vai ingressar nesta literatura, recomendo começar pelos romances O Guardião da Meia Noite e Cavaleiro da Estrela da Guia, para então passar aos doutrinários, dos quais recomendo iniciar-se com os volumes mais “fininhos”, como Umbanda Sagrada, Os Arquétipos da Umbanda, Rituais Umbandistas e As Sete Linhas de Umbanda. Após esta leitura tornam-se mais acessíveis títulos de maior profundidade, como Código de Umbanda, Gênese de Umbanda ou Lendas da Criação.
Confira todos os títulos atualizados de Rubens Saraceni no site: www.madras.com.br, veja também o apêndice Rubens Saraceni.