No nosso Universo Umbandista, convivemos cotidianamente
com manifestações divinas, naturais e espirituais.
É neste universo que nos conectamos com o divino, por
intermédio dos manifestadores dos Mistérios Maiores (os Orixás Sagrados), sejam
eles espíritos humanos atuantes nas linhas de trabalhos (de direita ou de esquerda)
ou, até mesmo, espíritos naturais ou encantados, também manifestadores dos
Mistérios Maiores. Além, é claro, dos seres divinos manifestadores dos Orixás.
Adentrar um templo umbandista, assistir ou participar
ativamente de um trabalho espiritual, de uma engira, é simples.
Não tão simples assim é absorver no íntimo o nosso
universo umbandista.
Digo isso, por que, infelizmente, ainda podemos perceber
em alguns umbandistas certa resistência às manifestações que ocorrem nos
trabalhos, fruto da falta de uma base sólida de conhecimento, o que acarreta na
manifestação de preconceitos calcados em mitos criados por pessoas que pouco
sabem acerca da lógica da manifestação natural da Fé.
Manifestação natural da fé que é milenar e se reproduz,
na atualidade, aqui no Brasil, entre outras religiões, na Umbanda.
E o que é a manifestação natural da Fé? Ora, é a simples
manifestação de Deus, Seus Poderes e Mistérios, a partir da Natureza, seus
elementos, fenômenos e Divindades.
Então, podemos concluir que num simples galho de arruda
há uma manifestação divina? Na chama de uma vela e num copo d’água também?
Sim, nestes elementos citados e em tantos outros mais.
Por que não somos mentalistas, abstracionistas. A
manifestação divina se dá, para nós, a partir do que é concreto, ou seja, da
Natureza Mãe.
Tudo isso é perfeitamente compreensível, até que barremos
no velho preconceito manifestado por muitos que se sentem incomodados com a
forma de cultuar o que é divino por nós, os umbandistas.
Pois bem, então, após esta dissertação,
meu recado vai para os umbandistas. Pretendo provocar uma breve,
porém, profunda reflexão.
Quando adentrarmos um Templo de Umbanda, devemos fazê-lo
com reverência, amor, fé, devoção, afinal, estamos entrando na Casa de Olorum,
nosso Pai.
Tendo dado este primeiro passo, precisamos compreender tudo
o que compõe aquele espaço e também o ritual que se iniciará. E quando falo
tudo, é tudo mesmo, desde um incenso, passando pelo defumador, elementos
usados pelos guias, imagens e tudo o mais que possa fazer parte da
ritualística. Ritualística esta que não é fetichismo, misticismo ou qualquer
outra definição maliciosa que se possa dar, é, em si, a manifestação da nossa
fé.
Mas, tenho, por um acaso, enquanto umbandista, vergonha
de manifestar a minha fé?
Então, respondo o que penso: se eu ainda sinto vergonha
de me dizer umbandista aos quatro ventos, se questiono as manifestações,
baseando estes meus questionamentos em pré-conceitos advindos de adeptos de
outras doutrinas (de onde, em alguns casos, muitos de nós viemos), eu
não sou de fato um umbandista.
Se, ainda questiono acender uma vela de anjo de guarda em
minha casa, ou de firmar elementos para meus guias, a fim de que possam se
servir do axé destes para trabalharem em meu benefício, eu não sou de
fato um umbandista.
Com todo o respeito que devo à todas as formas de se
pensar a Fé (por que todas são legítimas), coloco aqui, encerrando esta
reflexão: somos umbandistas e nosso Universo é Natural.
Prossigamos cultuando e reverenciando o que é
Divino a partir da Natureza, pois, o terreiro é uma extensão dos campos de
forças naturais e este é e sempre será “O Nosso Universo Umbandista”.