"A Umbanda é uma religião que tem seus rituais, que são de natureza magística, iniciática e religiosa.
- Magística, porque são realizadores;
- Iniciática, porque são iniciadores;
- Religiosa, porque são atos de fé;
Todos os rituais umbandistas apresentam essas 3 características, mesmo quando elas não estão visíveis.
Uma sessão de trabalhos espirituais é um ato de fé. Nossa religiosidade nos ensina que devemos vivenciá-la incorporando nossos guias espirituais e fazendo a caridade espiritual.
Nas sessões espirituais, quando vivenciamos nossa fé, os guias espirituais são espíritos iniciados nos mistérios da criação e em seus procedimentos, desde suas saudações, suas danças, suas formas de falar, são iniciáticos e os diferenciam das incorporações espirituais profanas.
Nos trabalhos de caridade espiritual, das Casas de Umbanda, tudo é magia. Desde as baforadas de fumaça até o estalar de dedos; desde as defumações até os pontos cantados de chamada para o trabalho. Tudo é mágico na Umbanda.
Por trás de tudo e de todos estão os Sagrados Orixás, que são mais do que uma entidade incorporante que se apresenta como um Ogum, como um Oxossi, como um Xangô etc.
São os governadores da criação do nosso Divino Criador Olorum e são mistérios em si mesmos, pois estão em nós, estão na natureza, estão em tudo e em todos.
Devemos entender que a Umbanda, por ser uma religião iniciática, tem seu ritmo e sua cadência que devem ser seguidos ao pé da letra, senão interferimos no seu fluir natural e em processos e procedimentos preestabelecidos pela espiritualidade.
Paralelo a essa necessidade de procedimentos aceitos e fundamentadores da religião umbandistas, temos a necessidade de livros didáticos colocados á disposição dos médiuns e freqüentadores. Só conhecendo e entendendo o que temos de fazer, fazemos com firmeza e obtemos os resultados.
A grande dificuldade de alguns adeptos da Umbanda é, após consulta com um guia, ter de ir a algum ponto de força da natureza fazer um trabalho ou oferenda ou despacho. Chega a ser constrangedor, porque não sabem como fazer e não entendem o porque de ter de fazê-los pessoalmente.
Também vemos esse tipo de dificuldade nos médiuns iniciantes. Faltam-lhes conhecimentos teórico e prático para realizar o trabalho com firmeza e confiança.
Quantas pessoas são possuidoras do dom mediúnico da incorporação e quantas têm conhecimento disso?
Não há uma estatística nesse campo. O que sabemos é que muitas pessoas vivem suas vidas terrenas em grande sofrimento, confusão mental e emocional, infelizes e sofredoras devido a uma faculdade que não dominaram por desconhecimento ou por receio de “receberem espíritos” em seus corpos.
Muita coisa já foi feita nesse campo para facilitar o entendimento sobre o espírito humano e a interatividade com as outras dimensões da vida e as realidades nela existentes, ainda que sempre reste algo a ser estudado e esclarecido.
O misticismo, o medo, o tabu, a superstição, a vergonha, a ignorância e o oportunismo sempre predominaram no entendimento do nosso espírito e do mundo espiritual que nos envolve, pois, se somos matéria, também somos espíritos.
E sempre que alguém tentou explicar essa interação, os adeptos dos dogmas e dos tabus de tudo fizeram para calá-los.
Desconfiamos que o medo do desconhecido e a ignorância de como Deus opera em nossos espíritos, seja um dos motivadores dessas pessoas, tão zelosas com suas crenças e tão obstinadas a negarem as possibilidades aventadas pelos estudiosos dos dons espirituais.
Estes dons, em desequilíbrio, nos afetam com tanta intensidade que, ou nos entupimos de remédios drogando nossa mente ou sofremos doenças no corpo biológico que o influenciam porque nosso espírito está em desequilíbrio.
A Umbanda, uma religião nova se comparada a outras que são milenares, vem encontrando uma resistência tenaz por parte destas, porque, criada no Século XX, remeteu-nos de volta à natureza e tem ensinado-nos que um dos meios de alcançarmos o reequilíbrio entre matéria e espírito encontram-se justamente nela.
Muitos dos nossos adversários dizem que retornamos ao animismo, ao panteísmo, ao misticismo etc... e não creditam qualquer benefício nos trabalhos realizados nela para reequilibrarmos pessoas que sofrem justamente porque desconhecem o lado natural da vida e do nosso espírito.
Quando aprendemos a lidar com alguns aspectos da vida natural e da vida espiritual, seguimos procedimentos desenvolvidos ao longo do tempo por experimentação e obtemos resultados satisfatórios, que trazem o alívio às pessoas prejudicadas pelo desequilíbrio na interatividade entre os lados espiritual e material, e vemos como são importantes tais procedimentos
Realizar oferendas com os mais variados fins, fazer assentamentos ou firmezas de poderes ou forças naturais, com conhecimento de causa, sempre são benéficos e nada têm de misticismo, panteísmo, animismo ou ignorância, e sim, nos remete a um tempo em que não havia outros recursos além do que a própria natureza nos fornecia e que só precisávamos aprender como nos servir deles.
Estabelecem uma relação sólida e estável com o mundo espiritual e nos servir do que ele tem para o nosso benefício não é negar Deus, mas fortalecer nossa crença na imortalidade do espírito e na sua capacidade de influir sobre a matéria.
Nâo há nada de errado em conhecermos a natureza e o mundo espiritual e nos servirmos dos benefícios que nos oferecem, pois se existem, foram criados por Deus.
Nosso propósito com este livro é de esclarecer sobre o assunto e não o de ensinar algo que já adquiriu dinâmica própria dentro da Umbanda.
A cada dia surgem novas oferendas e novos assentamentos de forças e poderes, formas essas desenvolvidas pela espiritualidade que atua na Umbanda por intermédio dos seus médiuns de incorporação e de trabalhos espirituais.
Devemos nos guiar pelo bom senso e pela razão para não cairmos no ridículo, pois Umbanda é religião e não deve ser maculada por pessoas desequilibradas ou com o emocional exacerbado por coisas sobrenaturais.
A lógica e o bom senso devem prevalecer em nossas ações e nos guiar em assuntos tão importantes para nosso bem-estar e nossa segurança no relacionamento com o mundo espiritual."